Num debate aberto, moderado pelo jornalista Luís Osório, o líder socialista discutiu temas como a cultura, o desporto, a investigação ou o ensino superior, tendo sido vincado, por parte dos intervenientes, que o país está perante uma escolha entre duas visões claras, no presente e de futuro.
O escritor Valter Hugo Mãe, uma das personalidades presentes, elaborou um discurso muito crítico para com o legado de Rui Rio enquanto autarca do Porto, cidade onde vive, que apelidou de “inverno cultural” que “tudo trucidou”.
“Eu não consigo imaginar como é que o país não viu isso, porque se tivessem visto isso, não poderiam jamais propor que uma coisa dessas acontecesse ao nível do país inteiro”, salientou.
Evocando a última experiência, de má memória, em que Portugal esteve debaixo de um Governo de direita, “que nos culpava a nós, cidadãos, (…) de tudo, de todas as desgraças e que, por isso, não tinha limites em nos punir”, Valter Hugo Mãe contrapôs que a mudança que ocorreu em 2015 “mudou radicalmente o clima em Portugal”.
“Há uma primavera que tinge o discurso de António Costa, uma positividade que vem dessa segurança de ser capaz de nos transmitir confiança que mudou completamente a atmosfera em que nós vivíamos”, disse.
Intervindo logo a seguir a Valter Hugo Mãe, a maratonista e campeã olímpica em 1988, Rosa Mota, também ela portuense, reiterou que não percebe “como é que as pessoas não conseguem ver o que se tentou destruir naquela cidade”, quando Rui Rio liderou a autarquia
Por seu lado, a atriz e encenadora Maria do Céu Guerra frisou que, durante a resposta à pandemia, não queria pensar no “que seria a resposta de um Passos Coelho, de um PSD”, e o que seria “o desconcerto e o desespero das pessoas ao sentirem-se não respeitadas”.
Um entendimento, disse, que contrastou com a experiência que teve, durante a pandemia, no contacto com a ministra Graça Fonseca, de uma “vontade de perceber o que é que se passava no setor do teatro”, com a “intermitência, com a não qualificação profissional” ou com a “ligação da escola às artes”.
Na sua intervenção, António Costa abordou a importância da continuidade de políticas, evocando que as sociedades só avançam em conjunto, destacando, em particular, os resultados de longo prazo alcançados por uma das medidas tomadas a partir de 1995, pelo primeiro Governo de António Guterres, referente à generalização do pré-escolar, criando as bases para que o país tenha hoje mais desportistas, mais agentes da cultura e mais cientistas que se destacam no plano internacional.
Para o Secretário-geral do PS, o futuro do país faz-se, também, com políticas que valorizem aquela que é hoje “a geração mais qualificada de sempre”, desde as políticas salariais aos incentivos às gerações futuras.
“Não serão todas grandes atrizes de teatro ou cinema ou escritoras, mas quanto mais crianças tomarem gosto pela leitura, pelo teatro ou pela música os respetivos percursos de vida serão diferentes”, sustentou.
Na sessão, entre outras personalidades, estiveram também presentes o ex-reitor da Universidade de Lisboa, António Cruz Serra, o presidente do Instituto Politécnico de Setúbal e presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, Pedro Dominguinhos, a embaixadora das Women in Tech Portugal, Cláudia Mendes Silva, a diretora da Bocant, Joana Branco, Paulo Dimas, CTO da Unbabel, João Cepeda, presidente e diretor criativo do Time Out Market, o presidente da Federação Portuguesa de Canoagem, Vítor Félix, a investigadora e ex-presidente da Associação Nacional dos Investigadores de Ciência e Tecnologia, Cláudia Botelho, os médicos infeciologistas Fernando Maltês e Margarida Tavares, assim como Miguel Castanho, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e investigador do Instituto de Medicina Molecular.