Perante uma plateia de especialistas que em Oeiras participou no principal evento nacional dos setores da Aeronáutica, Espaço e Defesa, a AED Days 2022, o ministro das Infraestruturas e da Habitação alertou que Portugal pode dispor, tal como na ferrovia, de um cluster forte e competitivo na aviação, recomendando, contudo, que público e privado “não se olhem como adversários, mas antes como cooperantes”.
Neste encontro, Pedro Nuno Santos voltou a lamentar o abandono a que a ferrovia esteve votada durante décadas, “com o encerramento de linhas e de empresas”, com todas as consequências negativas daí decorrentes para o setor, enaltecendo a escolha que o Governo do PS está a fazer de “aumentar a oferta de material circulante”, recuperando muitos comboios existentes que estavam encostados e abandonados no parque de material, uma solução, como também aludiu, porque a encomenda de novos comboios, já feita, “demora muito tempo”.
De acordo com o titular da pasta das Infraestruturas, todas as composições que foram objeto de uma recuperação tiveram “mais de 90% de incorporação nacional”, lembrando que o Governo lançou, em simultâneo com esta tarefa, um concurso para a compra de 117novos comboios, sendo que todos os concorrentes, como garantiu, “já manifestaram a intenção e o propósito de ter uma fábrica em Portugal”.
TAP e novo aeroporto
Neste encontro em Oeiras, Pedro Nuno Santos voltou também a destacar a importância de o país avançar, de uma vez por todas, com a construção de um novo aeroporto na região de Lisboa, no pressuposto, como vincou, de que os partidos políticos e os técnicos envolvidos encontrarem um “consenso alargado” em torno da nova localização, “independentemente da mudança do Governo e dos governantes”.
O que já é garantido, disse o ministro, é que a atual oferta aeroportuária da cidade de Lisboa “já não responde às necessidades da procura”, o que tem dificultado, como salientou, “o crescimento da economia nacional”, defendendo o governante que a única solução – e “já sem alternativa” – é o país avançar com a construção de um novo equipamento aeroportuário na região de Lisboa.
Quanto à TAP, Pedro Nuno Santos voltou a defender não ser este “um tema polémico”, assumindo que a intervenção que foi feita na companhia “foi amplamente justificada” pela sua importância para a economia portuguesa, sendo que uma das principais razões, como aludiu, reside no facto de a TAP não só “assegurar a conectividade do país com o mundo”, mas sobretudo, por ser um dos “maiores exportadores nacionais”. Constituindo, para o ministro das Infraestruturas, “uma riqueza da qual o país não podia prescindir”, a que se somam ainda os “1.300 milhões de euros anuais em compras da transportadora aérea a mil empresas nacionais”.