António Costa falava ontem em Serralves, na cerimónia de apresentação da nova linha Metrobus entre a Boavista e a Praça do Império, sendo o primeiro eixo de ligação por via BRT – Bus Rapid Transit, num investimento global de 66 milhões de euros financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e que vai ajudar a dar mais um passo na modernização do sistema de mobilidade na cidade do Porto.
“Ontem [segunda-feira] demos o primeiro passo para colocar nos carris o metro ligeiro entre Odivelas e Loures, hoje estamos aqui já a lançar o concurso público de um dos três projetos previsto no Plano de Resiliência para o sistema de mobilidade na cidade do Porto e para o conjunto da Área Metropolitana”, acrescentou.
De acordo com o chefe do Governo, mal seria que Portugal, que foi o primeiro país dos 27 a apresentar em Bruxelas o seu PRR e o primeiro a “ter luz verde da União Europeia”, não começasse desde já a avançar com um conjunto de investimentos “muito significativos” que visam, entre outros objetivos, “a descarbonização da sociedade e da economia”. Uma iniciativa para a qual estão destinados “mais de 6 mil milhões de euros”, e larga medida para a “descarbonização da indústria”, sendo que uma parte importante deste pacote financeiro será destinado a “melhorar a eficiência energética do edificado”, um programa, como referiu, que entretanto foi já lançado, lembrando que a mobilidade e a eficiência energética “representam metade das emissões de CO2”.
A urgência em se avançar o quanto antes com estas obras e com um conjunto de outros projetos que estão já na calha, justifica-se, segundo o primeiro-ministro, porque Portugal tem hoje a oportunidade única de “fazer um dois em um”, ou seja, “por um lado acelerar a recuperação da sua economia e, por outro lado, criar melhores condições para garantir o futuro”.
Combater as alterações climáticas
Ainda de acordo com o primeiro-ministro, estes projetos “somam-se ao conjunto de investimentos” que têm vindo a ser financiados no quadro do programa Portugal 2020 e aqueles que serão igualmente financiados no âmbito do Portugal 2030, defendendo António Costa que Portugal “não tem apenas o dever, mas um especial interesse em combater as alterações climáticas”, voltando a destacar que, entre todos os países da União Europeia, “o nosso é o que está mais exposto” a este fenómeno, “quer por via da seca, da erosão da costa e em particular do enorme risco de incêndio florestal que o aumento da temperatura média comporta”.
O primeiro-ministro fez, a este propósito, questão de evidenciar que mesmo que Portugal cumpra “à risca o acordo de Paris”, o risco de incêndio florestal “irá aumentar seis vezes” se, entretanto, não se avançar com uma reforma de fundo “da nossa floresta”.
Nova linha BRT
De acordo com a Metro do Porto, prevê-se que a nova linha possa acrescentar à rede de metro uma média diária superior a 31 mil clientes, correspondente a mais de 11 milhões de validações por ano. Assumindo frequências idênticas às do metro, o sistema BRT, com veículos articulados e lotação entre os 180 e os 220 passageiros, poderá atingir uma capacidade de transporte na ordem das 4.400 pessoas por hora e sentido.