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Não vale tudo, Drª Assunção

(Artigo de Opinião originalmente escrito para o Jornal de Notícias)

O Congresso do CDS confirmou o que há muito se antevia: ambição de Cristas e mais um ato do concurso pela liderança da direita.

A ambição de ser Primeira Ministra, a ambição de liderar a direita, de liderar o centro e de subir à primeira liga…. Tanta ambição que a imagem que me ocorreu foi a do Castelo no Ar de Escher (cuja exposição em Lisboa se recomenda a todos…), em que a menina tenta alcançá-lo. Imagens à parte, vamos ao que interessa.

Quem não se lembra que Assunção Cristas foi ministra do Governo (da direita) que mais empobreceu os portugueses? Que convidou os jovens a emigrar? Que cortou salários e pensões? Que assinou o mais brutal aumento de impostos da História da Democracia em Portugal? Que destruiu postos de trabalho? Que cortou a eito e sem critério nos serviços públicos? Ouvi-la falar de ambição para o país não pode deixar de arrepiar os que têm memória, porque enquanto governante a marca que deixou foi a destruição do Estado Social e o empobrecimento das famílias e do país.

Mas se algo me chocou, sim chocou, foi o final do seu discurso. Depois de frases feitas, sem nenhuma proposta ou qualquer amostra, pequenina que fosse, de uma visão inovadora para o país, eis – de novo- a exploração, deplorável, dos sentimentos, da tristeza e da tragédia que os incêndios de 2017 representaram para todo o País. A verdade é que a presidente do PP foi – ela própria -responsável, durante quatro anos, pelo sector das florestas. Nunca se lhe ouviu uma preocupação, nunca fiscalizou o não cumprimento da lei para a limpeza das matas (em vigor desde 2006!!!), nunca se viu ação numa reforma que se impõe, há muito, na nossa floresta. As alterações climáticas não começaram agora e exigem uma resposta estruturada para o futuro, mas quando os sinais eram evidentes, perante a seca de 2012, a resposta de Cristas foi (lembram-se?) esperar um milagre, como se a vida das pessoas dependesse de milagres! Sempre repudiei quem utiliza os sentimentos de dor das pessoas para tentar ganhar um voto que fosse. É lamentável que haja quem o faça, como é o caso evidente da líder do PP.

Não, não vale tudo Dra. Cristas e os portugueses têm memória. Saberão, na altura própria, deixá-la a contemplar o Castelo no Ar. Tão vazio de propostas como o PP e a sua presidente.

PS: Não deixa de ser curioso que Cristas tenha proclamado não voltar a falar da conciliação familiar até que pergunte aos homens o mesmo, estamos de acordo, mas para ser consequente era preciso dar sinais. O sinal foi ao contrário, os novos eleitos subiram ao palco e pasme-se, não se vislumbravam mulheres… Que coerência!!