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Meios disponibilizados pelos privados serão integrados numa gestão estratégica

Meios disponibilizados pelos privados serão integrados numa gestão estratégica

O secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, afirmou na quarta-feira que o Estado aceitará "todas as disponibilidades" de meios das instituições privadas para reforçar as eventuais necessidades do Serviço Nacional de Saúde no combate à pandemia de Covid-19, explicando que as mesmas terão de ser "integradas numa gestão estratégica" organizada..
Meios disponibilizados pelos privados serão integrados numa gestão estratégica

“Ainda não recorremos a elas, mas as disponibilidades estão concedidas. Estamos a aceitar todas e a articular com os privados. É esse plano que estamos neste momento a estudar e a realizar”, afirmou.

O governante garantiu também que no tratamento dos doentes infetados com o novo coronavírus será dada atenção especial “aos idosos e aos imunodeprimidos, onde se inserem os doentes oncológicos”. Pessoas com doenças crónicas, hipertensos e doentes de cancro estão entre aqueles cuja imunidade está diminuída e terão que ser separados de outras pessoas para que não haja contágios, referiu.

António Lacerda Sales reiterou que o Estado está a tentar todos os dias comprar mais máscaras e equipamentos de proteção, reafirmando que até ao fim da semana haverá “dois milhões de máscaras” distribuídas nos hospitais e mais de 150 mil equipamentos de proteção individual”. “A partir da próxima semana, este ‘stock’ será reforçado”, indicou.

Casos suspeitos passam a ser seguidos em casa

Já esta quinta-feira, na habitual conferência de imprensa conjunta diária, a diretora-geral da Saúde anunciou que Portugal vai passar para um novo modelo de atendimento no surto de Covid-19, com quem apresentar sintomas ligeiros ou moderados a ser seguido em casa.

Graça Freitas referiu que a maior parte das pessoas deve ligar para a linha SNS 24 (808 24 24 24) e assim ser seguida no seu domicílio, explicando que os doentes serão acompanhados pelos seus médicos de família, enfermeiros ou outros profissionais de saúde.

Refira-se que dos 785 doentes confirmados com Covid-19 no país, número atualizado no boletim de hoje, apenas 89 estão internados, ou seja, 15%, sendo que a maioria apresenta sintomas ligeiros a moderados que podem ser tratados em casa.

“Estamos a subir a curva da epidemia e nesta fase vamos mudar a nossa forma de atendimento. Gradualmente vamos passar de apenas hospitais de referência, em que toda a gente passa por um hospital, para um outro modelo de atendimento. Com isto, muitos de nós vamos ter sintomas ligeiros a moderados. Aqueles de nós que tivermos sintomas ligeiros a moderados devemos ligar para o SNS24 e seremos seguidos no nosso domicílio, o que já acontece com a maioria destes doentes à data”, disse.

Graça Freitas reforçou “uma palavra de tranquilidade” dirigida aos portugueses, afirmando que “a maior parte” dos doentes “vai poder seguir a sua doença no seu domicílio”.

“Vamos confiar neste mecanismo, certo de que se algumas destas pessoas agravar os sintomas, obviamente, sairá do seu domicílio e irá para um serviço de saúde”, explicitou.

A diretora-geral da Saúde disse ainda que os doentes em domicílio terão acesso a testes para saberem se estão curados e se podem seguir a sua vida normal, tendo Graça Freitas admitido a possibilidade de alargar futuramente a realização de testes generalizados na população, se as condições de mercado permitirem e houver evidência científica favorável.

Para já, frisou, a prioridade mantém-se nas pessoas sintomáticas. “Sempre fará o teste aquele que mais necessite. Se pudermos alargar, alargaremos”, desde que haja evidências de que uma triagem mais alargada tenha resultados, disse.

Proteção aos grupos de risco

Já o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, disse que na atual fase de estado de emergência “os grupos de risco, neste momento, têm mesmo que ficar em casa”.

Pessoas com mais de 70 anos, doentes crónicos como hipertensos, diabéticos, insuficientes cardíacos ou doentes oncológicos “não devem sair de casa”, apelou o governante, que pediu ainda aos grupos de risco que confiem no trabalho que está a ser organizado com o setor social.

“A declaração de estado de emergência deixa-nos ainda mais alerta, porque uma resposta musculada do Estado tem que dar origem a uma resposta mais robusta também das pessoas, sem pânico, mas com responsabilidade”, disse.

“Para além disso, os cuidados de saúde primários estão a reorganizar-se, quer para apoiarem doentes com Covid- 19 em tratamento domiciliário, em casa portanto, quer para dar todo o suporte que os doentes crónicos continuam a necessitar. Os médicos de família já estão a contactar telefonicamente os doentes com consultas programadas e vão continuar a fazê-lo, bem como a orientar as questões de emissão de receitas, análises e exames”, adiantou o governante.

Graça Freitas revelou ainda que hoje será publicada uma norma para profissionais de saúde que pretende orientar o contacto com doentes de acordo com o grau de exposição a risco a que cada profissional de saúde está sujeito.

“A ideia aqui é proteger os profissionais de saúde, são um ativo muito importante, e impedir que estes profissionais contagiem outros doentes. Temos de ser muito cuidadosos nesta norma, temos de estar seguros no que estamos a fazer e gerir os nossos recursos em função destas questões”, disse.

De acordo com os dados do boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde, divulgado esta quinta-feira, Portugal tem 785 casos confirmados de infecção pelo novo coranavírus, mais 143 do que ontem, tendo sido registado o terceiro caso de uma vítima mortal. Segundo a DGS, há 488 casos suspeitos a aguardar resultado laboratorial e três casos recuperados.