Falando numa audição, na Assembleia da República, onde referiu os resultados da intervenção do Governo no mercado energético, Duarte Cordeiro lembrou ainda que, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), em fevereiro, “a inflação nos produtos energéticos foi de 1,96%”, sendo a evolução destes preços “um dos catalisadores da redução da inflação que se verifica pelo quarto mês consecutivo”, ou seja, como aferiu, “os preços da energia estão a puxar a inflação para baixo”.
Recorde-se que o mecanismo temporário ibérico, em vigor desde de junho do ano passado, por iniciativa conjunta dos governos de Portugal e Espanha e aprovado pela União Europeia, prevê a colocação de limites ao preço médio do gás na produção de eletricidade e que, no caso dos dois países ibéricos, é de cerca de 60 euros por megawatt-hora.
60 mil ME de investimento no setor energético até 2030
Perante os deputados, o ministro estimou também que o setor energético mobilize, pelo menos, 60 mil milhões de euros de investimento até 2030. Uma avaliação que Duarte Cordeiro disse ainda ser “conservadora”, de acordo com os objetivos estabelecidos nos planos de transição energética e de descarbonização, correspondendo, sobretudo, a investimento privado, de empresas nacionais e estrangeiras.
O governante detalhou que, no âmbito do cumprimento das metas do Plano Nacional de Energia e Clima 2030 (PNEC 2030), vai ser necessário aumentar a capacidade eólica em 3,4 gigawatts (GW), “o que representa um investimento entre 4 mil e 4,5 mil milhões de euros”. Já relativamente à energia solar, será necessário aumentar a capacidade de produção em 6,4 GW, “o que representa um investimento entre 4,3 e 4,7 mil milhões de euros”, acrescentou.
Quanto ao leilão de 10 GW para eólicas no mar (‘offshore’), que será lançado depois da discussão pública que em curso sobre as áreas marítimas onde podem ser instaladas, estima-se que o investimento se cifre entre 30 a 40 mil milhões de euros.
Duarte Cordeiro contabilizou ainda os investimentos no hidrogénio, cuja Estratégia Nacional prevê um montante entre 7 e 9 mil milhões de euros em projetos de produção, bem como apoios ao investimento e à produção de 900 milhões, até 2030, a que se juntam 204 milhões de euros previstos para o corredor ‘verde’ de gasodutos que vai atravessar a Península Ibérica, até Marselha, em França.
Por fim, o ministro referiu os investimentos na Rede Nacional de Transporte, com montantes aprovados de 430 milhões de euros, até 2026, e ainda 760 milhões de euros do Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR) e do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que foram destinados a projetos de eficiência energética.
“O valor total destes investimentos que descrevi corresponde a cerca de 25% do PIB [Produto Interno Bruto] atual do nosso país”, concluiu Duarte Cordeiro.