Ana Catarina Mendes frisou, depois do discurso de encerramento de Rui Rio nas jornadas parlamentares do PSD, em Portalegre, que “mais do que casos e casinhos, mais do que andar na espuma dos dias”, convinha que o líder do maior partido da oposição – “para que os extremos não cresçam – tenha uma agenda política e que possamos fazer um debate democrático de agendas e de projetos para o país”.
Reagindo na Assembleia da República ao discurso de encerramento, a líder parlamentar do PS mencionou que Rui Rio “acusa o Governo e o Partido Socialista de não terem reformas”. “Ora, é bom lembrar ao Dr. Rui Rio das várias reformas que fomos fazendo ao longo dos últimos anos, desde logo na saúde ou na educação”, começou por sublinhar Ana Catarina Mendes, que se concentrou em seguida no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), “que veio a este Parlamento, que esteve em discussão pública, que recebeu mais de mil contributos da sociedade civil, e no debate parlamentar a única coisa que o Dr. Rui Rio teve para dizer ao país é que era contra o aumento do salário mínimo nacional”.
Já quanto à justiça, a presidente da bancada socialista disse que “talvez tivesse sido bom aproveitar hoje as jornadas parlamentares para dizer qual é a reforma da justiça que quer”, uma vez que “a única proposta que o Dr. Rui Rio apresentou ao Partido Socialista, como sendo a grande reforma da justiça, foi mais autonomia para o Ministério Público”.
“A reforma da justiça não se faz com chavões nem com frases feitas, faz-se com ideias e com um Estado de direito democrático que tenha a justiça ao serviço dos portugueses”, garantiu.
Rui Rio acusou ainda “o Governo e o Partido Socialista não só de imobilismo, mas também de clientelas”. Ana Catarina Mendes recordou “algumas coisas importantes, desde logo que nas empresas públicas ou participadas pelo Estado a maioria dos presidentes não são personalidades ligadas ao Partido Socialista”.
“Podemos dizer que o Governo e o Partido Socialista têm estado sempre ao serviço da defesa de um Estado cada vez mais transparente, por isso foi criado o Portal da Transparência, onde hoje qualquer cidadão pode consultar os contratos da administração pública, cada um dos seus passos, como é que é gasto o nosso dinheiro”, assegurou.
“E mais recentemente – para avivar a memória do Dr. Rui Rio” – foi criada “a Comissão de Fiscalização e
Acompanhamento do PRR, que permite que qualquer cidadão também acompanhe – e bem – aquilo que vai ser transferido para Portugal, que são os fundos comunitários para executar este Plano de Recuperação e Resiliência”, acrescentou a dirigente socialista, que salientou que o PRR “tem sido muito elogiado pela Comissão Europeia”.
Ana Catarina Mendes aconselhou depois o presidente do PSD a “ler o Plano de Recuperação e Resiliência, porque ele encerra em si um conjunto de reformas de mudança de paradigma em Portugal, mudanças naquilo que deve ser o nosso acompanhamento na transição digital e numa economia mais competitiva, aliada ao conhecimento e às nossas universidades com as agendas mobilizadoras”.
A presidente do Grupo Parlamentar do PS estranhou, em seguida, que nestas jornadas parlamentares, realizadas em Portalegre, não tenha havido “nem uma palavra para as pessoas do interior”. “Mais uma vez, o chavão da interioridade não passou disso mesmo”, lamentou.
Ana Catarina Mendes lembrou que esteve recentemente em Portalegre, enquanto líder parlamentar do PS, e teve “oportunidade de ouvir a sociedade civil, de saber que o que é preciso é apostar neste Plano de Recuperação e Resiliência e numa verdadeira política de habitação que faça face às carências que hoje existem também naquele distrito, onde as pessoas se querem fixar, onde as pessoas querem trabalhar e onde as pessoas precisam, para isso, ter condições”.