home

João Paulo Correia frisa que “Novo Banco existe porque o BES colapsou” por conta de gestão ruinosa

João Paulo Correia frisa que “Novo Banco existe porque o BES colapsou” por conta de gestão ruinosa

O vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS João Paulo Correia considerou esclarecedor o relatório preliminar da Comissão de Inquérito ao Novo Banco e asseverou que houve uma “falta de supervisão enérgica por parte do Banco de Portugal, mas também por parte da CMVM”, a par da “gestão ruinosa” de Ricardo Salgado.

Publicado por:

Acção socialista

Ação Socialista

Órgão Nacional de Imprensa

O «Ação Socialista» é o jornal oficial do Partido Socialista, cuja direção responde perante a Comissão Nacional. Criado em 30 de novembro de 1978, ...

Ver mais

Notícia publicada por:

João Paulo Correia, Assembleia da República

“O Novo Banco existe porque o BES colapsou e o BES colapsou por conta de uma gestão ruinosa e danosa liderara por Ricardo Salgado”, afiançou o socialista, na passada sexta-feira, em declarações aos jornalistas, acrescentando que “houve falhas de supervisão, falhas essas muito concentradas naquilo que foi uma falta de supervisão enérgica por parte do Banco de Portugal, mas também por parte da CMVM”, algo que “está reproduzido no relatório” redigido pelo deputado do PS Fernando Anastácio.

A conclusão a que o Grupo Parlamentar do PS chega, no final dos trabalhos da comissão de inquérito, é que “o Banco de Portugal falhou”, já que se exigia “uma supervisão mais enérgica”, disse.

João Paulo Correia garantiu que “muitos dos problemas que só foram descobertos nos últimos dias da vida do BES, nos dias anteriores à resolução, poderiam ter sido identificados e respondidos por parte do Banco de Portugal”.

“Isso ficou muito bem saliente, porque quer as avaliações que foram feitas, quer os exames que o próprio Banco de Portugal determinava, quer também o relatório do BPI que foi entregue ao Banco de Portugal dava conta de situações que não estavam no radar do Banco de Portugal da supervisão e que mereciam e tinham de ser respondidas na altura certa”, frisou o parlamentar.

O vice-presidente da bancada do PS esclareceu depois que “a relação do Banco de Portugal com o BES foi sempre uma relação epistolar, não passava de cartas de recomendação, que por sua vez não eram acolhidas nem acatadas por parte da administração do BES e por parte dos responsáveis do Grupo Espírito Santo e, obviamente, os problemas foram-se agravando e as intervenções foram-se adiando até aos últimos dias de julho de 2014”.

“Falhou o Banco de Portugal, falhou a supervisão também, mas não deixa de ser de assinalar que, acima de tudo, o que levou ao colapso do BES foi uma gestão danosa e ruinosa liderada por Ricardo Salgado”, vincou.

João Paulo Correia deixou claro que a “resolução foi a alternativa possível, porque falhou a recapitalização pública” e falhou também a recapitalização privada do BES. “E perante a iminência de uma liquidação desordenada, o Banco de Portugal – e depois com a aceitação do Governo – avançou com a resolução do BES e a criação de um banco de transição”, apontou.

O socialista recordou em seguida que o “Novo Banco foi prometido como um ‘banco bom’ e foi também prometido que os ativos maus ficavam no BES e os ativos bons passavam para o Novo Banco”. Ora, “isso não aconteceu, todos os portugueses sabem disso. E também sabem que a doença do BES passou para o Novo Banco”.

João Paulo Correia salientou que o Partido Socialista já tinha alertado várias vezes para este problema: “Quando o PS propôs este inquérito parlamentar disse que a doença do BES tinha passado para o Novo Banco. O conjunto de ativos problemáticos, ou ativos tóxicos, tinham transitado do BES para o Novo Banco supervalorizados contabilisticamente, o que gerou de imediato na vida do Novo Banco crises de insuficiência de capital. Nos primeiros dias de vida do Novo Banco a administração do Novo Banco já se correspondia com o Banco de Portugal chamando a atenção que havia insuficiências de capital e até de liquidez que tinham de ser superadas no imediato”.

PSD quer ganhar na secretaria o que não ganhou com a comissão de inquérito

O vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS assegurou depois que o inquérito não provou a narrativa social-democrata, a quem pediu uma “posição mais responsável”: “O Partido Socialista esperava da parte do PSD uma posição mais responsável e mais construtiva nesta fase do inquérito. O PSD sente-se tentado a ganhar na secretaria aquilo que não foram os ganhos que espera ter durante os trabalhos do inquérito”.

O PSD, que anunciou hoje [sexta-feira] que vai votar contra a versão preliminar do relatório, “ainda vai a tempo de não cair na tentação do combate partidário nos trabalhos da comissão de inquérito. É muito importante para o país e para o interesse público que todos os partidos, sem exceção, se posicionem na discussão e na votação destas conclusões com elevado sentido de responsabilidade, procurando de forma parcial e isenta assumir as suas posições e as suas votações”, vincou.

E acrescentou que “o PSD deve-se colocar nessa posição de maior flexibilidade, sem intransigências, sem linhas vermelhas porque os portugueses merecem isso e a defesa do interesse público também. É muito importante que a comissão de inquérito aprove um relatório que traduza com rigor e de forma factual aquilo que foram os trabalhos do inquérito”.

“Como a discussão e votação das conclusões se inicia nas próximas semanas, espero que os próximos dias sejam bons conselheiros para o PSD e para o CDS e não levarem o combate para os trabalhos da comissão”, afirmou o dirigente socialista.

Por fim, João Paulo Correia elogiou o trabalho do relator, o deputado Fernando Anastácio, que foi “tremendamente exaustivo”, num esforço “enorme” para apurar a verdade dos factos.

ARTIGOS RELACIONADOS