Investimento no SNS “ficará para o futuro”
“Aquilo que nos parece uma reforma conjuntural, porque surgiu em função de uma necessidade imperiosa que foi a pandemia, poderá ser muito bem uma grande reforma estrutural do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, disse esta quarta-feira, na Guarda, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales.
“Os profissionais de saúde que serão necessários, a nossa rede de expansão laboratorial, onde investimos mais de 8,4 milhões de euros pela expansão da rede de laboratórios públicos, a nossa capacidade de digitalização e de tecnologia digital, o nosso reforço na estrutura de saúde pública, tudo isto ficará para o futuro”, sublinhou Lacerda Sales.
O secretário de Estado salientou, ainda, que o Governo, em 2020, reforçou o SNS em mais de 8.400 profissionais e a rede de unidades de cuidados intensivos e a capacidade de enfermaria conta agora com mais de 19 mil camas.
“O que teria sido desta pandemia, se não fosse a capacitação do SNS?”, foi a questão suscitada por António Lacerda Sales, que fez questão de destacar o papel essencial que as autarquias locais têm desempenhado no combate à pandemia de Covid-19 e o contributo “inestimável” que os autarcas têm dado ao país.
15 novas unidades móveis de saúde
As declarações do governante foram proferidas durante a cerimónia de entrega de 15 unidades móveis de saúde aos municípios da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIM-BSE), que teve lugar no Teatro Municipal da Guarda.
Conforme adiantou o secretário de Estado, o projeto das unidades móveis de saúde visa “contribuir para o reforço da rede de infraestruturas de saúde, nomeadamente na prestação de cuidados de saúde domiciliários primários, cuidados paliativos e doença mental”, o que representa um contributo “inestimável” para o país.
Plano de Recuperação aposta no interior
Presente na cerimónia, a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, considerou que as unidades móveis de saúde, agora atribuídas aos 15 municípios da área da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIM-BSE), são uma boa solução” para garantir os serviços às comunidades e constituem “um exemplo de coesão”.
A ministra referiu que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) “não deixa nem os autarcas nem o interior de fora” e que o Governo continua a contar com os autarcas “na linha da frente”.
“Temos que olhar para o PRR, temos que olhar para o Portugal 2020 que ainda temos em execução e temos que olhar para o próximo Quadro Comunitário PT 2030, que tem como objetivo a coesão”, afirmou Ana Abrunhosa.
Perante os autarcas da região, a ministra frisou que “não são as estradas, não é o betão que faz o desenvolvimento. As estradas, o betão, são um meio para o desenvolvimento dos nossos territórios”.
Referindo-se aos programas operacionais regionais, a ministra da Coesão Territorial informou que estão atualmente em execução projetos no valor de 550 milhões de euros de investimento, dos quais 250 milhões de euros são no interior do país.
“Também no PRR, nós temos identificados já projetos e beneficiários do interior que perfazem dois mil milhões de euros, mas há muitas áreas no PRR que não têm identificado o território, que não têm identificado o beneficiário” e que são transversais a diferentes áreas, como a saúde e a habitação, disse a ministra.
“O PRR ganha-se na execução, no terreno”, pelo que o investimento “será tanto mais do interior quanto mais os atores, os autarcas, as empresas, as CCDR (comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional), as ARS (administrações regionais de Saúde), todas as entidades, souberem mobilizar projetos para os executar”, disse a ministra.
“Nós vamos territorializar o PRR e contamos com os autarcas, mais uma vez, na linha da frente”, afirmou Ana Abrunhosa.
A cerimónia contou, igualmente, com a presença do coordenador regional de combate ao coronavírus na zona Centro, João Paulo Rebelo, que exerce funções governativas como secretário de Estado da Juventude e Desporto.