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Governo mantém a mesma cooperação que tem sido “muito saudável” para o país

Governo mantém a mesma cooperação que tem sido “muito saudável” para o país

O primeiro-ministro, António Costa, afirmou este domingo, em entrevista à TVI, que o Governo que lidera está totalmente empenhado em manter a excelente cooperação institucional com o Presidente da República, considerando que seria “uma enorme perda para o país” se essa relação viesse a ser prejudicada.
Governo mantém a mesma cooperação que tem sido “muito saudável” para o país

“Aos cidadãos o que interessa é que o primeiro-ministro tenha com o Presidente da República uma relação franca, leal, de cooperação institucional, que tem sido muito saudável para o país, e que seria uma enorme perda para o país que fosse prejudicada”, declarou o líder do Governo socialista, desvalorizando as notícias sobre um eventual clima de crispação: “da minha parte, não há crispação nenhuma”.

Numa entrevista que teve lugar no Quartel dos Bombeiros Voluntários de Pampilhosa da Serra, concelho do distrito de Coimbra que o primeiro-ministro visitou no domingo, António Costa assinalou, aliás, que mantém com o atual Presidente da República a mesma linha de cooperação institucional que adotou desde a tomada de posse, ainda com o Presidente anterior.

António Costa reforçou, depois, que aquilo que lhe cumpre fazer – e que tem feito – “é ter uma relação institucional de grande lealdade, grande cooperação com o Presidente da República”, a exemplo dos demais órgãos de soberania, salientando que isso “tem sido muito positivo para o país”.

“Da nossa parte, estamos totalmente empenhados de manter esse nível de cooperação e não me passa pela cabeça que, da parte do atual Presidente da República, não exista essa ideia”, disse, sublinhando mesmo que o seu relacionamento com Marcelo Rebelo de Sousa é hoje “seguramente melhor” que no início do mandato, “porque ao fim de dois anos de trabalho em conjunto, obviamente, as pessoas vão estreitando as relações”.

“Com o atual Presidente da República, como com o futuro, com quem for, eu terei sempre essa relação de lealdade”, reiterou.

“Todos temos noção da excecionalidade do que aconteceu em outubro”

Na entrevista, António Costa abordou ainda os trágicos incêndios que assolaram o país, em particular os ocorridos a 15 e 16 deste mês, reconhecendo que houve “uma subestimação dos riscos”, nomeadamente do impacto do furacão Ofélia em Portugal continental, e “carência de meios”, mas sustentou que, perante a natureza excecional do que se viveu, quaisquer que fossem os meios teriam sido insuficientes.

“Ouvindo as populações, ouvindo os responsáveis pelos bombeiros, ouvindo os autarcas em cada um destes concelhos, também todos temos noção da excecionalidade do que aconteceu no dia 15 de outubro e, em particular, na noite de 15 para 16 de outubro”, disse, referindo que a generalidade dos meios aéreos “não puderam operar, tal era a força dos ventos”. 

“Como muitos presidentes de câmara têm dito, todos os meios que existissem teriam sido manifestamente insuficientes”, acrescentou.

António Costa defendeu que importa agora garantir que tudo se fará para que uma tragédia com esta dimensão não se volte a repetir, alertando, no entanto, que “ninguém pode, responsavelmente, desvalorizar o risco que existe”, face aos problemas estruturais do país no que respeita ao despovoamento do interior e desordenamento da floresta, às alterações climáticas e ao tempo necessário para que as reformas introduzidas produzam efeito. 

“Nós temos de conseguir fazer aquilo que leva tempo a produzir efeitos, tomando também as medidas imediatas que reforcem desde já a segurança. O que nós estamos neste momento a desenhar, com a unidade de missão que criámos, é áreas prioritárias onde para o ano nós já temos de ter o novo sistema a funcionar de forma a aumentar a resistência e a diminuir o risco de novas tragédias como esta”, explicou.

Medidas extraordinárias não colocam défice em causa

O primeiro-ministro afirmou também a sua convicção de que as medidas de resposta aos incêndios não vão colocar em causa as metas do défice traçadas para este e o próximo ano. 

“Estamos convictos de que não. Primeiro, porque as próprias regras da União Europeia dão um tratamento diferenciado a medidas de natureza excecional, como são estas. Em segundo lugar, porque temos procurado assegurar mecanismos de apoio que não contabilizam para o défice. E, finalmente, porque temos feito um esforço acrescido na gestão orçamental em outras áreas para poder responder também àquilo que é necessário”, respondeu.

António Costa considerou, no entanto, que perante a intervenção que é indispensável fazer e garantia da segurança das pessoas e dos territórios, o défice é “a última das preocupações”.