Apelidando a Estação Elevatória dos Álamos, em Portel, que hoje visitou, na companhia dos ministros da Agricultura e Alimentação, Maria do Céu Antunes, e do Ambiente e Ação Climática, Duarte Cordeiro, como o “coração do empreendimento de fins múltiplos de Alqueva”, António Costa deixou a garantia de que um dos assuntos a serem discutidos no Conselho de Ministros de amanhã, em Évora, será a “aprovação, para discussão pública, do Plano de Eficiência Hídrica do Alentejo”.
De acordo com o primeiro-ministro, assume um caráter estratégico, não só para o Alentejo, mas para todo o território nacional, a necessidade de se avançar, o quanto antes e em “cada uma das regiões do país”, com a adoção dos planos de eficiência hídrica.
Trata-se de um passo que, segundo o chefe do Governo, permite avançar, entre outras boas soluções, com uma mais adequada “otimização de captura da água, eliminando perdas”, assumindo que será igualmente necessário nesta equação “adaptar os territórios às necessidades e à evolução dos recursos disponíveis”.
É preciso passar a usar a água potável com peso, conta e medida, deixando o primeiro-ministro a certeza de que no futuro “não vamos ter mais água do que aquela que temos hoje”. Exige-se, por isso, como defendeu, que a racionalidade faça parte integrante da boa gestão da água, recordando que “há certas atividades que temos que privilegiar em detrimento de outras”.
António Costa referiu-se ainda ao facto de, na última década, Portugal ter tido “seis dos dez anos mais secos de sempre”. Com os dois países da Península Ibérica a sofrerem, neste período, “uma diminuição de cerca de 15% de precipitação”, um cenário que não aconselha, como salientou, a que se pense que de futuro vai haver mais água, aconselhando os portugueses a prepararem-se “para enfrentar esta realidade”.
Investimento de quase 1.000 ME
O Plano de Eficiência Hídrica do Alentejo, que será aprovado amanhã, no Conselho de Ministros em Évora, prevê um conjunto de medidas destinadas à agricultura, que incluem reservatórios artificiais intermédios de água e uma dessalinizadora no rio Mira, estimando-se um investimento total de quase 1.000 milhões de euros.
“No Alentejo, podemos contar com 41 medidas para a agricultura, um investimento previsional na ordem dos quase 1.000 milhões de euros, em que 79% está associado a medidas do setor agrícola, que quer poupar 12% dos consumos nos aproveitamentos hidroagrícolas coletivos”, explicou, na ocasião, a ministra da tutela, Maria do Céu Antunes.
A governante referiu ainda que o plano inclui uma intervenção no rio Xévora, com a construção da rede de transporte e distribuição de água para rega, assegurando, igualmente, no Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva (EFMA), o alargamento e as ligações a Reguengos, Messejana, Monte da Rocha e Vidigueira.
O executivo tem como desígnio, “a médio e a longo prazo”, aumentar a capacidade de armazenamento da água em todo o país, “para poder produzir de forma mais sustentável e de forma mais resiliente”, realçou Maria do Céu Antunes, destacando que o Programa Nacional de Regadios, a concluir até 2025, “conta já com 72% dos 340 projetos executados ou em execução em 120 concelhos do país”.
Por seu turno, o ministro do Ambiente, assinalou que, nos últimos 25 anos, foram investidos mais de 13 mil milhões de euros para que a água chegue a casa dos portugueses em segurança e com qualidade, o que equivale a um investimento de 500 milhões de euros anuais.
Duarte Cordeiro detalhou ainda que, para o Plano Regional de Eficiência Hídrica do Alentejo, “foram identificadas mais de 70 medidas de curto e médio prazo”, das quais, para além das 41 dedicadas ao setor agrícola, 12 são medidas de gestão dos recursos hídricos, outras 12 destinadas ao setor urbano, seis para o turismo e duas para a indústria.
“O horizonte de concretização das medidas é 2030, sendo a maior parte concretizável até 2027”, acrescentou o governante, precisando que o plano prevê investimentos de 993 milhões de euros, dos quais 79% para a agricultura.