Governo anuncia reforço de médicos intensivistas e detalha capacidade de resposta do SNS
A medida foi ontem anunciada pela ministra da Saúde, Marta Temido, em conferência de imprensa, durante a qual a governante detalhou a capacidade instalada do SNS para a resposta à evolução da pandemia.
“Saliento a abertura de um concurso para 48 médicos intensivistas em outubro e a previsão de um novo concurso para 46 médicos intensivistas no início do ano que vem”, afirmou a ministra, explicando que a razão para esta abertura concursal em duas fases prende-se com a necessidade de garantir a formação específica com o máximo de qualidade destes profissionais, que estão na linha da frente dos hospitais para o combate à Covid-19.
“Vai ser uma formação específica, uma repetição dos antigos ciclos de estudos especiais em medicina intensiva e este é o compromisso possível para garantir uma formação de qualidade”, completou.
Marta Temido referiu, também, que a capacidade de camas de internamento do SNS situa-se nas 17 mil, em enfermaria médico-cirúrgica, a que acrescem 800 camas de cuidados intensivos, “numa situação já muito extremada de preparação para resposta a picos de afluência”.
Sublinhando que “se houver necessidade, o Ministério da Saúde fará a gestão entre as regiões”, a governante realçou que “não há tempo a perder” na resposta ao aumento de casos e que “é necessário que cada um faça o que estiver ao seu alcance para parar a transmissão da infeção”.
“O que fizermos hoje terá impacto nos contágios que acontecerem amanhã, e os contágios que acontecerem amanhã terão impacto nas hospitalizações na semana a seguir e, eventualmente nos internamentos em unidades de cuidados intensivos e nos óbitos”, disse, sublinhando que temos “o dever” de proteger a capacidade do SNS.
Ainda no que respeita aos recursos humanos, Marta Temido voltou a realçar o aumento de efetivos no SNS entre o final do ano passado e setembro de 2020, com mais 5.459 profissionais, dos quais 548 médicos, reconhecendo, porém, que a pandemia significou uma quebra na dimensão dos médicos especialistas, “que esperamos compensar com os concursos atualmente a correr: 911 vagas para especialista hospitalar, 39 para médico de saúde pública e 435 para médico de medicina geral e familiar”.
Doentes não-covid vão ser encaminhados para setores privado e social
Marta Temido referiu também que os doentes não-covid, que vejam consultas, exames ou cirurgias no Serviço Nacional de Saúde (SNS) serem desmarcados face ao agravamento da pandemia, serão encaminhados para os setores privado e social.
“O esforço de recuperação foi significativo. Nos hospitais, o cenário também foi de melhoria, mas não tão vantajoso. E tínhamos programas de recuperação da atividade assistencial com incentivos diretos aos profissionais de saúde. Mas, se isso não chegar – e admitindo que não chegue, face à desprogramação de atividade que teremos de fazer – o encaminhamento para os outros setores convencionados ocorrerá de acordo com aquilo que forem as necessidades e o interesse dos doentes”, afirmou.
3,2 milhões de testes e 2,4 milhões de ‘downloads’ StayAway Covid
Na sua intervenção, a ministra da Saúde anunciou também que Portugal já efetuou mais de 3,2 milhões de testes de diagnóstico à Covid-19 e que a aplicação móvel de rastreio de contactos ‘StayAway Covid’ já teve mais de 2,4 milhões de ‘downloads’.
De acordo com os dados do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) – o laboratório nacional de referência – o total acumulado de testes ao vírus SARS-CoV-2, entre 1 de março e 24 de outubro, atingiu já os 3.211.055 testes realizados na rede de 111 laboratórios, com tendência crescente a partir do outono.
Marta Temido destacou ainda o papel da linha SNS24, que em 2020 totalizou já 2.415.865 chamadas atendidas, tendo batido o recorde de afluxo em outubro, com 435.833 chamadas, contra as 381.270 contabilizadas em março, no início da pandemia.
A ministra da Saúde fez também questão de vincar que a clarificação dos números sobre a capacidade instalada do SNS, hoje apresentados, não visa responder a dúvidas ou críticas externas ao serviço público de saúde, mas apenas “às necessidades e preocupações dos portugueses”.
“Estamos preocupados em responder às necessidades em saúde dos portugueses, não temos uma agenda para responder a outras circunstâncias”, afirmou a governante, acrescentando que esta é “a melhor forma de apelar à participação neste esforço” de combate à pandemia.