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Europa, a hora de todas as decisões

Europa, a hora de todas as decisões

Ana Catarina Mendes

Fazer a Europa renascer das cinzas depois da Segunda Guerra Mundial foi o objetivo de quem sonhou a Europa como espaço de paz, solidariedade e segurança. A história política da Europa deve ser recordada, todos os dias, como um processo de luta pelo aprofundamento da Democracia contra os seus inimigos externos: o fascismo e o comunismo, numa primeira fase. Esta fase terminou com a queda do muro de Berlim, o fim do regime soviético e o fim da Guerra Fria.

Construir, todos os dias, um espaço de participação, de paz, de liberdade, de igualdade, de progresso e prosperidade é o grande desígnio desta bela aventura chamada União Europeia.

Mas os dias são de ameaça à Europa Unida e Solidária. Novos inimigos surgem, cada vez com mais força: os extremismos ou os populismos. Longe das ideologias que marcaram o século XX, mas como atitude antissistema, anti-instituições, antipoder… Os fundamentalismos religiosos e o terrorismo internacional são ameaças à Democracia.

Este é um daqueles momentos em que ou a Europa se afirma decididamente como uma grande potência global, com voz própria no mundo com os seus valores fundacionais, ou mergulha na irrelevância geoestratégica como uma simples associação de estados. A segunda opção é claramente aquela em que os Estados Unidos, de Trump, e a Rússia, de Putin, apostam, como se viu pela reação do novo presidente dos EUA perante o Brexit, ou como as administrações das duas potências não escondem a sua simpatia perante a candidatura de Marine Le Pen nas muito próximas eleições francesas.

Como diria Robert Riemen, não podemos aceitar, perante as crises, o “eterno retorno do fascismo”. As crises exigem coragem, determinação e solução para os problemas. Encarar a crise migratória como uma oportunidade para uma Europa mais unida e solidária, encontrando políticas comuns de imigração e asilo é um grande desafio que merece outra resposta europeia. Assumir a fragilidade dos instrumentos do sistema monetário europeu exige regras claras para todos e não continuar a assistir a discursos penalizadores para os países do Sul. O sentimento de distância das decisões políticas na Europa combate-se com mais Democracia e participação.

Este é o momento de decisões. Não são fáceis. Mas não se melhora a Europa com proclamações de saída do euro ou do projeto europeu. Reforça-se a Europa aprofundando este espaço de Liberdade, Paz, Segurança e Democracia! O Livro Branco sobre o futuro da Europa é um bom contributo para o caminho a escolher. O PS, europeísta, contribuirá ativamente para construir novos caminhos e acredita que seremos capazes de voltar a fazer da União Europeia um projeto comum e de esperança para os europeus.

Artigo publicado no Jornal de Notícias

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