A dirigente do PS começou a sua intervenção no encerramento do XVII Congresso da Corrente Sindical Socialista da CGTP-IN, em Lisboa, a asseverar que os socialistas estavam “certos” quando, em 2015, propuseram “aos portugueses uma alternativa à austeridade e uma alternativa a um Governo de direita que ousou ir além da troika, ousou cortar salários, ousou cortar pensões, ousou empobrecer, ousou cortar prestações sociais, ousou todos os dias acrescentar uma taxa ou um imposto e todos os dias convidar jovens e menos jovens a emigrar”.
Ora, a “herança” que o PS recebeu da direita foi um “país entristecido” e “verdadeiramente empobrecido”, lamentou Ana Catarina Mendes, que recordou que, “em 2015, sob a liderança de António Costa”, a esquerda conseguiu, pela primeira vez, “unir-se para dar a volta àquilo que era o trágico estado a que tinha chegado Portugal”. “Foi assim que, sob a liderança de António Costa, governámos o país na anterior legislatura repondo direitos, repondo salários, devolvendo esperança, devolvendo dignidade às pessoas”, frisou.
“Foi o Governo do Partido Socialista que voltou a dar respeito e dignidade à concertação social, que voltou a valorizar o diálogo social e que voltou a colocar em cima da agenda a importância da negociação coletiva, porque ela é absolutamente decisiva para a melhoria de vida dos nossos trabalhadores”, sublinhou a líder parlamentar do PS.
Ana Catarina Mendes explicou que foi assim que, em 2019, o PS teve “a confiança dos portugueses e prosseguir este caminho”. “E este caminho prosseguiu não só na reposição de direitos ou de salários, mas sobretudo na criação de mais emprego com qualidade, com dignidade e com direitos. Foi por isso que conseguimos passar esta pandemia com uma receita orçamental que muitos vaticinaram que não ia conseguir gerar bons resultados, mas foi o excedente orçamental que permitiu enfrentarmos esta crise e proteger aqueles que mais precisavam”, acrescentou.
Destacando o ‘lay-off’ a 100%, que “foi uma medida absolutamente decisiva para garantir que o emprego não era destruído em Portugal”, a presidente da bancada do PS salientou também o reforço do Serviço Nacional de Saúde, que possibilitou que hoje tenhamos uma “vacinação assinalável acima dos 88% da nossa população”.
Ana Catarina Mendes não esqueceu o papel dos sindicatos, que “não estiveram parados” durante a crise pandémica: “Foram os sindicatos que se bateram todos os dias para que os trabalhadores continuassem a ter o seu emprego, para que os trabalhadores não fossem cortados nos seus salários, para que os trabalhadores fossem protegidos naquela que foi a maior crise de que temos memória”.
OE é um exercício de escolhas
Em seguida, a presidente do Grupo Parlamentar do PS alertou que “este é um momento que não é compatível com chantagens”, já que “estamos a sair do momento mais crítico da crise sanitária que provocou uma crise económica e uma crise social, que não teve os efeitos trágicos da crise anterior que vivemos sobretudo pela resposta de um Governo à esquerda liderado pelo Partido Socialista, que soube dar as respostas que eram absolutamente necessárias”.
A dirigente socialista deixou claro que “um Orçamento do Estado é, por excelência, um exercício de escolhas” e avisou que, quando se fala na possibilidade de votar contra este Orçamento, “que, mais uma vez, volta a ser um Orçamento do Estado à esquerda”, está-se a “deitar por terra o reforço do Estado social” e a dizer aos trabalhadores que “deixam de ser valorizados nos seus salários, deixa de haver um aumento do salário mínimo nacional”.
“Mais uma vez, sete anos depois, apresentamo-nos aos portugueses não a cortar salários, não a atacar os trabalhadores, não a atacar a concertação social, não a atacar os sindicatos, mas a valorizar a participação de todos e a valorizar os salários”, assegurou.
“Neste momento particularmente difícil e exigente para Portugal”, este Orçamento do Estado vem para “servir os portugueses” e merece ser aprovado “porque lá fora estão os portugueses cuja melhoria das condições de vida depende de uma política de esquerda”, concluiu Ana Catarina Mendes.