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Eduardo Ferro Rodrigues lembra “um democrata para quem a solidariedade não é facultativa”

Eduardo Ferro Rodrigues lembra “um democrata para quem a solidariedade não é facultativa”

O desaparecimento de Jorge Sampaio representa, para o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, “uma perda de um amigo de longa data” com quem diz ter partilhado “uma constante luta pela liberdade e pela democracia em Portugal”.

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“Se hoje perdi um amigo de longa data, com quem tive o privilégio de partilhar sucessos e insucessos nesta constante luta pela liberdade e pela democracia”, disse o presidente da Assembleia da República e segunda figura do Estado, Portugal “perdeu um dos seus mais prestigiados cidadãos, que sempre serviu o seu país com distinção e honra”, uma personalidade, como acrescentou, “imbuída de valores humanistas”, a que juntava “uma visão progressista a um forte sentido de dever cívico”.

Uma luta pelos direitos humanos

Recuando no tempo, Eduardo Ferro Rodrigues revive todo um passado do advogado antifascista de Jorge Sampaio e a luta que manteve sempre viva contra o regime repressivo e ditatorial de Salazar e de Marcelo Caetano, a sua destacada e proeminente participação na crise académica de 1962, mas também a sua candidatura nas listas da oposição democrática pela CDE, em 1969, e como advogado, o ter “assumido, corajosamente, a defesa de inúmeros presos políticos, ‘pro bono’, nos Tribunais Plenários da ditadura”.

Mas foi sobretudo após o 25 de Abril de 1974 que a maioria dos portugueses passou a conhecer melhor o político Jorge Sampaio, designadamente quando numa fase ainda inicial do regime democrático lidera com outros companheiros a criação do Movimento de Esquerda Socialista que cedo abandonou, logo no congresso fundador, para meses mais tarde vir a aderir ao PS, como recorda Eduardo Ferro Rodrigues, ele próprio um dos impulsionadores e fundadores do MES e que também viria a aderir ao PS.

Jorge Sampaio foi eleito em 1989 Secretário-geral do PS, função que acumularia com o de presidente da Câmara Municipal de Lisboa depois de ter derrotado a coligação de centro direita então liderada por Marcelo Rebelo de Sousa. Foi ainda deputado à Assembleia da República, líder parlamentar, membro da Comissão Europeia dos Direitos do Homem no Conselho da Europa, conselheiro de Estado, enviado especial do secretário-geral da ONU para a luta contra a tuberculose e Alto Representante da ONU para a Aliança das Civilizações.

A nível internacional Eduardo Ferro Rodrigues recorda ainda a Plataforma Global de Assistência Académica a Estudantes Sírios, outra das iniciativas lideradas por Jorge Sampaio em que logrou granjear “um enorme respeito e admiração” a nível internacional.

Mas foram sem dúvida os seus dois mandatos como Presidente da República que mais admiração e proximidade lhe trouxeram junto dos portugueses, recordando Ferro Rodrigues que Jorge Sampaio foi um socialista dos “valores humanitários e da justiça social”, mas também alguém que “manteve uma constante intervenção político-cultural” e para quem em nenhum caso “a solidariedade é facultativa”, mas um “dever que resulta do artigo 1º da Declaração Universal dos Direitos do Homem”.

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