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Deputados do PS saúdam esforço da UE mas querem medidas mais solidárias

Deputados do PS saúdam esforço da UE mas querem medidas mais solidárias

Os deputados do Partido Socialista na Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas (CNECP) "reconhecem e saúdam o esforço das instituições europeias no combate à crise sanitária e na redução do impacto socioeconómico da pandemia por Covid-19", mas defendem, contudo, que é necessário um esforço de solidariedade conjunto para apoiar os países mais afetados, que poderá passar por uma "mutualização europeia da dívida" para diminuir os défices dos Estados-membros.
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O papel da União Europeia na gestão da pandemia e da crise económica e social que se vive na Europa e no mundo foi um dos assuntos analisados pelos parlamentares socialistas desta comissão, numa reunião realizada por videoconferência, na passada quinta-feira, em que foram também abordados outros temas no âmbito da política externa e das comunidades portuguesas, no contexto da evolução da pandemia de Covid-19.

Neste encontro à distância, os deputados socialistas na CNECP congratularam-se com a iniciativa do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, de apelar a um cessar-fogo mundial e imediato para todos os conflitos, dado que muitas dessas regiões estão a ser igualmente atingidas pela pandemia com tendência para agravamento. Subscrita e secundada pelo Papa Francisco e pelo Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, os parlamentares do PS consideram que “esta iniciativa se reveste da maior importância e que deve unir todos no combate à pandemia, que não conhece fronteiras”.

“Fundamental é que, neste contexto em que alguns grupos beligerantes foram sensíveis aos apelos, a ajuda humanitária chegue a todos, particularmente por se encontrarem numa situação de redobrada vulnerabilidade”, defendeu Paulo Pisco, eleito pelo círculo das comunidades portuguesas e coordenador dos deputados socialistas na comissão na Comissão de Negócios Estrangeiros.

“Os parlamentares socialistas manifestam especial preocupação com o regime de sanções que impende sobre alguns países, como é o caso do Irão, com consequências humanitárias muito graves na capacidade do país combater a pandemia de Covid-19 que o tem atingido de forma particularmente violenta”, precisou.

A “desinformação e fake news em tempos de pandemia” foi outro dos temas abordados na reunião, onde os socialistas puderam refletir sobre as implicações deste fenómeno em Portugal e no mundo. “Este é um problema antigo, mas que nos tempos que correm assume contornos especialmente preocupantes, fazendo crescer a ansiedade e confusão entre as populações e minando a confiança dos cidadãos em relação aos países e instituições”, considerou Paulo Pisco.

Por isso, os deputados do PS reiteraram a necessidade de os cidadãos adotarem uma postura proativa de atenção e denúncia de situações de desinformação, alertando para a circulação de informações falsas, nalguns casos com chancela de organizações internacionais como a UNICEF ou a OMS, podendo ser antes veículos de graves problemas de saúde pública e de instabilidade social. Mas também deixam o alerta para as notícias falsas sobre a origem do vírus e teorias várias da conspiração sem qualquer fundamento.

De acordo com a análise efetuada, os deputados socialistas concluíram que a União Europeia tem sido um dos alvos preferenciais da desinformação e das notícias falsas “com o objetivo de a enfraquecer, dividir e criar nos europeus a ideia errada que não existe solidariedade nem apoios aos Estados-membros para ajudar a combater a pandemia em termos sanitários, nem para defender a economia, as empresas e os empregos e que, por isso, a instituição se está a desintegrar”, referiu o deputado, que defende que “é necessário contrariar esta ideia com informação correta e idónea”.

O site da comissão Europeia especialmente criado para combater a desinformação e as fake news é um desses instrumentos, recordam os deputados do PS, salientando que ali se encontra o relatório especial sobre a desinformação em torno da pandemia de Covid-19, da Divisão de Análise Estratégica, Informação e Comunicação do Serviço Europeu de Ação Externa, fundamental para compreender este fenómeno tão pernicioso para a coesão das nossas sociedades e da própria União Europeia.

Os deputados felicitaram ainda os órgãos de comunicação social que têm tido uma ação proativa em desmontar notícias falsas e desinformação e por fazerem os esclarecimentos necessários para alertar as populações. No entanto, lamentam igualmente que nem todos os órgãos de comunicação social tenham a mesma postura, enveredando por “uma informação de natureza mais alarmista e sensacionalista, o que em tempos de pandemia pode ser particularmente danoso para as populações mais vulneráveis e para a coesão da sociedade e para uma perceção equilibrada dos acontecimentos”, alertam os socialistas.

Sobre o papel da União Europeia na gestão da pandemia e da crise económica e social que se vive na Europa e no mundo, os deputados socialistas reconhecem e saúdam o esforço das instituições europeias no reforço do setor da saúde pública em resposta à crise sanitária, bem como o esforço de redução do impacto socioeconómico da pandemia na União Europeia.

Os parlamentares do PS membros da Comissão de Negócios Estrangeiros e das Comunidades Portuguesas consideram, contudo, que as medidas anunciadas “não são ainda suficientes” e apelam “à solidariedade e cooperação de todos os Estados-membros na procura de mecanismos de auxílio e soluções conjuntas mais robustas que permitam apoiar os países mais afetados pelas consequências sociais e económicas desta pandemia”.

“Muito particularmente, consideram fundamental que se encontrem os meios para estruturar uma mutualização europeia da dívida, de forma a poupar os orçamentos nacionais ao endividamento”, destaca Paulo Pisco, sublinhando que “esta crise tem uma natureza totalmente distinta da crise económica e financeira internacional que atingiu o mundo a partir de 2008, e, por isso mesmo, precisa de uma resposta diferente, incompatível com a lógica dos resgates financeiros então adotados”.

Em análise esteve ainda a situação prisional dos portugueses detidos em vários países estrangeiros que admitem a sua libertação dos estabelecimentos prisionais, como ocorre, por exemplo, no Brasil. Para os deputados do PS, “estes cidadãos nacionais não podem ser esquecidos pelas autoridades diplomáticas e consulares portuguesas, nem devem deixar de ser acionados os mecanismos legais previstos para estas situações, designadamente, o Decreto-Lei 70/2009, no âmbito do Instituto de Proteção Consular”.