Centralizar não é gerir
As primeiras dependem muito lá de fora, crescimento europeu anémico, refugiados segregados por barreiras metálicas ou de cimento, crescente populismo no Leste e até em França, erros de condução política em Espanha, os BRIC incapazes de saírem do sufoco em que caíram, os dirigentes europeus no reino da recriminação mútua. Nos EUA todos à espera de uma saída airosa em Novembro, a economia a aguardar, os confrontos raciais a agudizarem-se, as assimetrias sociais a agravarem-se. Surge hoje o bom desempenho de Hillary no primeiro debate. Veremos os seguintes, com Trump tolhido em colete químico construído pelos assessores. As boas notícias são a elevada popularidade de Obama, o fabuloso progresso do conhecimento, a capacidade de a democracia americana se recriar a cada instante.
Por cá as notícias são tão estranhas que a contenção do défice, quase um milagre, se torna música celestial para a esquerda e uma força do Diabo para as direitas que dela descrêem. Os avaliadores nacionais e estrangeiros, ou por viés ideológico, ou por desconfiança pós-socrática, teimam em descrer. E no entanto, parece ser possível conter o défice, mesmo com derrapagem dos compromissos na saúde. 1100 milhões é o que dizem, a ninguém mete medo, já vivi com défices muito maiores e sobreviveu-se. O que me preocupa não é o eventual atraso de pagamentos na Saúde, sempre existiu, o difícil será resistir à deriva centralizadora que tudo engole, decapita gestores, desnerva os serviços. Isso é que não é bom. Será possível ter cabeça fria e apostar na responsabilização de quem está na refrega do quotidiano? Se o pavor nos levar a tudo concentrar, perderemos os aliados, cansar-nos-emos sem remédio e será meio caminho para a mediocridade. Cuidados são necessários. Espero que entendam.