“Aos homens que nunca foram meninos”
Passaram setenta e cinco anos desde que Soeiro Pereira Gomes dedicou «Aos homens que nunca foram meninos» Os Esteiros, pensando em todos aqueles a quem foi roubado o direito a ser criança, o direito a frequentar a escola, o direito a uma cidadania plena com igualdade de oportunidades.
Três quartos de século depois, continua a ser necessário pensar nos que, por muitas razões, não tiveram acesso à educação em quantidade e qualidade necessárias para a sua plena inserção. A igualdade de oportunidades é um desígnio para uma sociedade inclusiva e democrática!
Para lá de todos os défices de que tanto se fala, o grande e silencioso défice estrutural da nossa sociedade é o défice das qualificações. Um défice que o anterior governo não quis combater porque na sua visão de direita a segunda oportunidade educativa não era uma prioridade. Um défice social que nunca preocupou o PSD ou o CDS e que é tão ou mais importante reduzir quanto o défice orçamental.
Relançar a educação e formação de adultos é cumprir mais um compromisso que o PS assumiu com os portugueses.
Esta é a razão de ser do programa Qualifica: estratégia de educação e formação de adultos que combina reconhecimento, validação e certificação de competências com formação complementar obrigatória ajustada a cada caso.
A grande ambição da educação e formação de adultos é o combate à desigualdade pela falta de qualificações e competências. Mas, é também suprir um défice social e pagar uma dívida da democracia para os cidadãos que não tiveram oportunidade de estudar.
Acompanhei e privei com muitos que, por falta de condições económicas, não puderam estudar. Gente capaz, inteligente, culta e autodidata que procurou nas bibliotecas o acesso gratuito a livros para aprender mais, nos amigos ajuda para sonhar com outro mundo, na força da vida de trabalho crescer como cidadão. Mas sempre com a tristeza de não ter frequentado os bancos da escola…Dar novas oportunidades a quem foi excluído do sistema de ensino é uma dívida da sociedade democrática, porque os «homens que nunca foram meninos» merecem e porque a exclusão escolar é ainda um problema do presente.
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