“Felizmente, não estamos no Titanic, nem o barco está a ir ao fundo. Pelo contrário, o barco demonstrou resistir bem à tormenta. Acho que estamos em boas condições de partir por águas safas e com ventos de feição”, referiu António Costa.
“Vivemos momentos, de facto, em que tememos que fossemos ao fundo. Mas, hoje, graças à vacinação, estamos a poucas semanas de podermos considerar ter atingido um processo de controlo da pandemia. Ela não desapareceu, vai continuar a andar pelo mundo, os riscos da multiplicação de variantes em outros continentes permanecem, mas vamos conseguir atingir um ponto de segurança”, adiantou.
António Costa destacou a “resiliência extraordinária” da economia portuguesa e sublinhou a importância das medidas e apoios extraordinários do Governo que permitiram mitigar os impactos da crise na economia e no emprego.
“Essa tendência [dos apoios] tem vindo a diminuir. Houve um momento em que a intensidade dos apoios foi muito grande, em que tivemos muitas empresas a recorrer ao ‘lay-off’ e muitos empregos sustentados pelo ‘lay-off’, mas, progressivamente, esses apoios têm vindo a deixar de ser necessários”, disse.
O Secretário-geral socialista destacou os indicadores económicos que revelam que a economia portuguesa recuperou o ritmo de crescimento nos anos anteriores à pandemia. Portugal “está de novo a crescer acima da média europeia, como aconteceu em 2017, 2018 e 2019”, pelo que “felizmente, hoje, os apoios podem diminuir porque as necessidades são menores. Não viemos numa situação artificial”, afirmou António Costa.
Governo vai rever escalões IRS
Durante a entrevista, o primeiro-ministro afirmou ainda que o Governo está “a fazer um trabalho muito sério” para concretizar “um desdobramento de escalões” do IRS de modo a introduzir maior justiça fiscal.
“Estamos neste momento a fazer um trabalho muito sério para identificar a possibilidade de no próximo Orçamento do Estado para 2022 fazer aquilo que não conseguimos fazer este ano, que é mais um desdobramento de escalões”, adiantou António Costa.
Nesse sentido, o líder do executivo socialista adiantou que a prioridade vai ser dada à mudança nos terceiro e sexto escalões do imposto. “No terceiro escalão, que cobre rendimentos entre os 10 mil e os 20 mil euros, temos uma enorme diferença. Depois, há o sexto escalão, entre os 36 mil euros e os 80 mil euros, onde há uma diferença gigantesca”, especificou.
O primeiro-ministro lembrou que, após o aumento da carga fiscal imposta no tempo da ‘troica’, o Governo do PS, na anterior legislatura, realizou “um primeiro desdobramento dos escalões”, sendo que a pandemia veio comprometer a intenção do Governo realizar um novo escalonamento do IRS.
“Como se recordam, no tempo da ‘troica’, houve uma grande compressão dos escalões [de IRS]. Nós já fizemos um primeiro desdobramento dos escalões, tínhamos previsto fazer um segundo desdobramento para este ano e tivemos de adiar por causa da crise”, concluiu António Costa.