Acompanhado pelo primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, por Pilar del Rio, viúva do escritor, e pelos ministros da Cultura de ambos os países, Pedro Adão e Silva e Miquel Iceta, respetivamente, António Costa visitou ontem a casa de José Saramago, na ilha de Lanzarote, oportunidade que aproveitou para, uma vez mais, valorizar o legado deixado pelo escritor, Prémio Nobel da Literatura em 1998, considerando-o como “um forte laço” que continua “a ligar os dois países ibéricos”.
De acordo com o chefe do Governo, o facto de esta visita a casa do escritor português, em Lanzarote, ter sido feita na companhia do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, significa, como salientou, “mais um momento de celebração da cultura que nos une”, deixando António Costa a garantia de que ambos os países não deixarão de continuar a trabalhar em conjunto para consolidar as sólidas relações já existentes.
Celebrar a cultura
À chegada à ilha de Lanzarote, o primeiro-ministro português foi recebido na residência oficial pelo líder do Governo local, tendo ambos na oportunidade trocado presentes, com António Costa a oferecer mais tarde também a Pedro Sánchez o livro ‘Viagem a Portugal’ de José Saramago, tendo recebido em troca do homólogo espanhol o livro ‘Lanzarote arquitetura inédita’, de Cesar Manrique, artista, arquiteto e ativista ambiental ali nascido em 1919.
34ª Cimeira Ibérica
Quanto à 34ª cimeira ibérica, que ontem começou com a visita à casa de José Saramago e que hoje, quarta-feira, termina com a assinatura de um conjunto de matérias de interesse bilateral, designadamente sobre o “intercâmbio cultural e as políticas transfronteiriças”, o destaque vai, sobretudo, para os acordos sobre a programação cultural cruzada entre Portugal e Espanha, um documento que será dedicado à celebração dos 50 anos da democracia e ao contributo que os agentes culturais dos dois países ibéricos deram na transição democrática de Portugal e Espanha, entre 1974 e 1975.
Para além destes acordos, serão ainda celebrados mais uma dezena de outros memorandos, em áreas como a coesão territorial, educação, saúde, ciência e ensino superior, entre outros, não deixando os dois líderes dos governos de abordar questões europeias, designadamente as referentes à economia e à energia. Este segundo tema assume, para ambos os países, um caráter especialmente importante, tendo em vista o acordo sobre o mecanismo ibérico, um instrumento que tem permitido limitar, em Portugal e em Espanha, o preço do gás usado para a produção de energia elétrica, assim como a importância do projeto dos gasodutos para transportar hidrogénio verde entre a Península Ibérica e França.