“A Internacional Socialista precisa mesmo de energia renovada para poder recuperar muitos partidos que se foram afastando, para poder modernizar a sua abordagem em temas que são hoje prioritários na agenda global”, como as aliterações climáticas, a igualdade de género ou a “transição justa” digital e ecológica, afirmou.
António Costa falava em Madrid, no XXVI Congresso da Internacional Socialista (IS), organização que integra mais de 130 partidos socialistas, social-democratas e trabalhistas de todos os continentes e que elegeu o também primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez como novo presidente, para um mandato que integrará sua na equipa diretiva, como um dos vice-presidentes, o Secretário-Geral Adjunto do PS, João Torres.
“Mais do que nunca precisamos de uma organização global”, afirmou António Costa, sustentando que os desafios colocados nos últimos anos com a pandemia e a guerra na Ucrânia acentuaram esta urgência.
“Com desafios globais, como são as alterações climáticas, é necessária uma resposta global, não basta uma resposta europeia, africana, da América Latina ou asiática”, acrescentou o também primeiro-ministro português, salientando que, neste contexto, a Internacional Socialista é um “fórum importante de debate, de diálogo”, com “uma longa história portadora de valores” que “correspondem sempre à defesa da liberdade, da democracia, das igualdades, entre outros”.
Para isso, considerou, o Congresso de Madrid é um “passo muito importante para se poderem ultrapassar” algumas dificuldades e relançar a Internacional Socialista como espaço capaz de voltar a acolher partidos que são “verdadeiros faróis da social-democracia”.
“E a eleição de Pedro Sánchez é um passo decisivo para isso”, assim como a eleição, também na sexta-feira, para secretária-geral da organização, da “jovem ganesa” Benedicta Lasi, defendeu.
Política energética europeia e o exemplo ibérico
António Costa participou, durante os trabalhos do Congresso da IS, numa sessão sobre ‘a política energética europeia’ e ‘o caso da Península Ibérica’, com o primeiro-ministro espanhol e líder do PSOE, Pedro Sánchez.
Na ocasião, ambos os chefes de governo se congratularam com a adoção e os resultados do “mecanismo ibérico” que limitou o preço do gás usado para produzir eletricidade, assim como com a aposta dos dois países nas renováveis e com o acordo de Portugal e Espanha com França para novas ligações para transporte de energia.
Pedro Sánchez salientou que Portugal e Espanha estão “na vanguarda” em termos de políticas energéticas, não só em termos ambientais, mas também a nível de “segurança e soberania energética”, assinalando que os fundos europeus disponíveis neste momento são uma “grande oportunidade” nesta matéria.
“Acredito que também temos de criar utopias e estas utopias ibéricas são sempre boas para o conjunto da Europa. E a utopia de converter a Península Ibérica no maior fornecedor na Europa de hidrogénio verde, que vai ser a energia do futuro, penso que é uma realidade e uma aposta ganhadora para Portugal e Espanha”, afirmou.
Na mesma sessão, António Costa defendeu que a resposta europeia “de solidariedade” à crise da pandemia “foi um sucesso”, ao contrário da resposta “de austeridade” dada em 2011 à crise financeira, “que foi uma tragédia”.
Considerando que é preciso aprender com estas lições, o Secretário-Geral do PS e primeiro-ministro português reiterou que devem ser adotados “instrumentos permanentes” de resposta às crises, para proteger as empresas, as famílias e a economia.