“A primeira conclusão que se pode tirar é que o Dr. Rui Rio pediu hoje aos portugueses um cheque em branco baseado na suposta confiança que os portugueses devem ter no suposto rigor” do líder dos social-democratas, asseverou hoje a dirigente socialista, numa declaração à comunicação social, em reação ao programa eleitoral do PSD, apresentado esta tarde por Rui Rio.
Ana Catarina Mendes referiu que, depois de se ouvir as declarações do presidente do PSD, pode-se concluir que “Rui Rio pensa que nós não estamos na maior crise dos nossos tempos, não estamos a viver um tempo de incerteza e de pandemia onde o que é preciso mesmo é dar respostas aos problemas das pessoas”.
“Rui Rio esquece as pessoas, que são, de facto, o centro da ação política do Partido Socialista”, frisou a líder parlamentar do PS, que denunciou as fragilidades do rigor do discurso de Rui Rio, sendo a primeira a vontade em “combater a estagnação”. Ora, “chega seis anos atrasado a esse combate”, uma vez que “desde 2016 Portugal cresce acima da média europeia, com exceção do ano passado – ano difícil de pandemia”.
Uma outra “fragilidade do rigor” de Rui Rio é a promessa de uma redução da receita do Estado, sem explicar “como a vai compensar com a despesa”. “E nós percebemos porquê: quer esconder aos portugueses se vai cortar nas prestações sociais, se vai cortar na saúde, se vai cortar na escola pública”, disse.
Ana Catarina Mendes notou também que o líder do PSD disse que quer valorizar os salários: “E, mais uma vez, a demonstração da falta de rigor do Dr. Rui Rio”, já que “fala na valorização dos salários sem dizer como, que é o mesmo Dr. Rui Rio que diz que o aumento do salário mínimo nacional não devia ter sido o que foi e é o mesmo que, não querendo aumentar o salário mínimo nacional, não pode prometer aos portugueses aumentar os outros salários, porque quem não se preocupa com o salário mínimo e com a trajetória que foi feita ao longo dos tempos, sabemos bem que não quer valorizar nem aumentar os salários”.
Rui Rio anuncia ainda “uma descida de impostos, uma descida do IRC para todas as empresas”, destacou a presidente do Grupo Parlamentar do PS, que explicou que o Partido Socialista se apresenta “a estas eleições com a descida dos impostos do IRC para todas as empresas que precisem da sua capitalização, que queiram mais investimento e que invistam também no emprego, porque estamos focados no emprego, na melhoria das condições de vida e nos salários”.
E deixou o alerta: “Não se pode prometer baixar os impostos das empresas já e baixar os impostos dos portugueses daqui a uns tempos. Baixar o IRS, para o Partido Socialista, não é em 2024 nem em 2025, é já com o aumento dos escalões do IRS para que os portugueses possam ter mais rendimentos”.
Ana Catarina Mendes acrescentou que Rui Rio se apresenta “aos portugueses agora a dizer que quer baixar o IVA da restauração. É o mesmo Dr. Rui Rio que há dois anos disse que queria aumentar o IVA da restauração”.
Portugueses não querem voltar aos “tempos de má memória”
“Os portugueses sabem em quem confiar”, assegurou a dirigente socialista, que salientou que o PS, “perante a maior crise dos nossos tempos, perante uma crise sanitária com consequências económicas e sociais, não baixou os braços, deu combate a esta pandemia no Serviço Nacional de Saúde, dotando-o de mais meios financeiros e humanos, foi quem respondeu à escola pública permitindo que todos tivessem a mesma oportunidade de ensino, foi quem respondeu à manutenção dos empregos e que garantiu que com o ‘lay-off’ a 100% o rendimento das famílias não baixava”.
“Os portugueses sabem que podem contar com um primeiro-ministro que tem credibilidade internacional”, mencionou ainda Ana Catarina Mendes, que lembrou que, “ao contrário daquilo que o Dr. Rui Rio disse hoje, não foi a troica que governou entre 2011 e 2015 em Portugal, foi mesmo o PSD que foi além da troica. E os portugueses têm memória”.
A presidente da bancada socialista terminou a sua declaração com uma certeza: “O cheque em branco foi pedido, mas estou certa de que os portugueses não passarão esse cheque em branco, porque não querem voltar aos tempos de má memória”.