Para Vasco Cordeiro, que intervinha na abertura das Jornadas Autárquicas do PS/Terceira, na passada sexta-feira, estas eleições são sobre “quais os melhores projetos, equipas e lideranças, para servir os concelhos e freguesias da nossa Região”, salientando nesta matéria o orgulho que, enquanto presidente do PS, sente no “património e no histórico que cada um dos responsáveis autárquicos tem dado exemplo no passado e certamente continuará a dar no futuro”.
Mas, para o líder dos socialistas, o atual contexto político é marcado, desde logo, por um problema de “transparência e de diálogo” deste Governo Regional, que, em pouco mais de seis meses, acabou, por exemplo, com os comunicados de Conselho de Governo, nesta que era a “primeira e mais direta oportunidade de ser feito um escrutínio público daquela que é a sua ação”. Mas refere ainda a notória falta de transparência na “forma incomodada como enveredou por um assalto à Administração Pública Regional”, cortando nos cargos técnicos e aumentando nos cargos de nomeação política.
A par disso, Vasco Cordeiro destaca ainda o problema de diálogo deste executivo que, apesar de já estar em funções há mais de meio ano, ainda não ouviu, nem parceiros sociais, nem partidos políticos, em relação às verbas do próximo Quadro Comunitário de Apoio, cujas opções de investimento, o Governo Regional do Partido Socialista considerou, no final da anterior legislatura, serem matéria a ser definida pelo executivo que se seguisse.
Alertando ainda para o facto de este Governo se preocupar mais com “a sua sustentação, do que com a sustentabilidade da nossa Região”, o presidente do PS/Açores reafirmou que “não seguem um projeto estratégico para o futuro da Região”, mas sim o aceder “a qualquer pretensão que lhes surja”, salientando, a este propósito, o conjunto de receitas extraordinárias que este ano entrará nos cofres da Região, mas que não entrará nos próximos.
“Exemplos claros: o anterior Governo deixou cerca de 85 milhões de euros nos cofres da Região”, ao qual acresce a possibilidade de a “Região pedir uma antecipação do Plano de Recuperação e Resiliência, que chega a cerca de 75 milhões de euros”, mais os cerca de 73 milhões que a SATA, “mais por decisão do Governo, do que de Bruxelas, devolve à Região”, valores que, para Vasco Cordeiro, “o Governo, com estas receitas extraordinárias, assume despesas que se repetirão, ano após ano, e é isso que põe em causa a sustentabilidade da nossa Região”.
Para o socialista, estas eleições são ainda importantes face ao contexto social e económico em que decorrem, no qual, “fruto de algumas opções que considero erradas, da parte do Governo Regional, é sobretudo nos municípios, Câmaras Municipais, Assembleias Municipais, nas Juntas de Freguesias e Assembleias de Freguesias, que reside, em grande medida, aquela que é a responsabilidade de um serviço às pessoas”, referindo, nesse sentido, que desde que o Governo Regional da responsabilidade do Partido Socialista cessou funções, “temos menos quatro mil açorianos empregados do que tínhamos”, mais “mil açorianos a usufruir de programas ocupacionais, criados pelo PS, e tão criticados pelos que agora são governo, para garantirem o seu rendimento e o seu sustento”, e temos ainda setores económicos, “como o do turismo, da restauração e setores associados, que estão a viver uma situação bastante complicada e desafiante”.
Para Vasco Cordeiro, é neste contexto que cada uma das candidaturas do Partido Socialista se apresenta, e deve apresentar, “em nome de valores que para nós são fundamentais, e que não podem ser trocados por nada”.
“A dignidade da pessoa humana, a dignidade dos nossos concidadãos, a liberdade, a solidariedade, são hoje, como poucas vezes o foram no passado, valores que devem enformar as candidaturas do Partido Socialista, para serem uma realidade da prática quotidiana dos órgãos que têm a responsabilidade de zelar pelo bem-estar das populações”, concluiu.