“Rejeitamos e rejeitaremos sempre uma imigração que parece ser proposta agora pelo líder do PSD, que é a imigração ‘a la carte’, ou proposta pelo engenheiro Carlos Moedas, que é ‘voltemos às quotas’”, afirmou a secretária nacional do PS, intervindo na sessão de encerramento do Fórum socialista dedicado ao tema ‘Defender as Pessoas, Responder com Inclusão e Solidariedade’.
Ana Catarina Mendes recordou, “para o caso de terem estado distraídos”, que o PS terminou “mesmo com as quotas na lei da imigração”, por acreditar “que Portugal pode e deve acolher o mundo, e que Portugal não é o ‘orgulhosamente sós’ [célebre expressão de António de Oliveira Salazar referente à ofensiva portuguesa nas colónias africanas, em contraciclo com o processo de descolonização já em prática por outros países], mas é ‘orgulhosamente nós’”.
“E, por isso mesmo, a política de imigração exige que olhemos para ela com o realismo necessário, o bom senso que se exige e, sobretudo, com a capacidade de responder à dignidade que cada ser humano merece, seja português, seja estrangeiro, tenha fugido das alterações climáticas, da fome, de uma ditadura, de qualquer circunstância que o tenha levado a procurar aqui um porto de abrigo”, defendeu.
Nesse sentido, sustentou, “Portugal tem de continuar a construir esta sociedade decente, que sabe acolher, mas que sabe integrar”, reforçando que o PS rejeita “qualquer tipo de discriminação a qualquer cidadão estrangeiro”.
“Porque o ‘orgulhosamente nós’ significa sermos todos considerados cidadãos e sermos todos tratados com a mesma dignidade. E, por isso, os discursos que se vão ouvindo aqui e ali do ódio ou da discriminação são discursos que o PS rejeita liminarmente”, sublinhou.
A governante socialista salientou ainda que “qualquer manifestação de violência, como a que foi recentemente conhecida [as agressões a imigrantes das comunidades indiana e nepalesa, em Olhão] – mas infelizmente há outros episódios aqui e ali – merece o repúdio violento do PS”.
Por isso, acentuou Ana Catarina Mendes, a “construção de uma sociedade decente não é compatível com um regime de quotas para migrantes, não é compatível com uma imigração ‘a la carte’, como propõe o doutor Montenegro”. “É mesmo continuarmos a trabalhar para termos uma sociedade que continua a ser uma sociedade tolerante, inclusiva e coesa”, disse.
Durante a intervenção, em que deu vários exemplos de bom acolhimento e integração de migrantes, mas também abordou casos negativos, como o incêndio do início do mês numa casa sobrelotada com imigrantes na Mouraria, Ana Catarina Mendes mencionou ainda a criação, já anunciada, de dois novos centros de acolhimento de migrantes, um em Torres Novas e outro na zona de Lisboa, anunciada no mês passado, adiantando que os mesmos deverão estar concretizados até ao primeiro semestre do presente ano.