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Portugal quer mobilizar 12 mil ME do plano europeu para resposta energética

Portugal quer mobilizar 12 mil ME do plano europeu para resposta energética

Portugal quer beneficiar de uma fatia de 12 mil milhões de euros que, segundo o primeiro-ministro, lhe caberá, caso a União Europeia opte por “reutilizar os cerca de 200 mil milhões de euros de dívida comum já emitida, mas ainda não gasta” no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência europeu.

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António Costa

Intervindo esta tarde no Parlamento no debate preparatório do próximo Conselho Europeu, que terá lugar quarta e quinta-feira, em Bruxelas, o primeiro-ministro anunciou que uma das medidas que vai reivindicar junto dos seus homólogos europeus passa por mais e melhores apoios ao setor industrial, designadamente aqueles, como referiu, que estão hoje “mais dependentes e expostos aos custos da energia”, caso da indústria da cerâmica, as siderurgias e químicas, setores industriais que “estão em risco de parar em toda a Europa”.

Para que isto se possa evitar, defendeu António Costa, faz todo o sentido que os países europeus assumam claramente que existem crises, que elas “são recorrentes”, e que a única forma de as enfrentar é criando “um mecanismo permanente” de resposta, evitando a situação avulsa de criar soluções pontuais para cada crise que surge.

Não afastando as divergências entre os 27 sobre a questão de se avançar ou não para uma nova emissão de dívida por parte de Bruxelas, assim como “as dificuldades de ordem constitucional” que se colocam neste caso a alguns Estados-membros, António Costa não deixou, contudo, de defender “respostas pragmáticas e urgentes” que sejam capazes de ajudar as economias europeias a “enfrentar a presente crise”.

E uma das soluções possíveis, acrescentou o primeiro-ministro, passa pela utilização de dívida já emitida pela União Europeia e ainda não utilizada pelos Estados-membros, solução que, na perspetiva de António Costa, “não exige nova emissão de dívida” e que permitiria utilizar, “sob a forma de empréstimos”, os perto de 200 mil milhões de euros mobilizados no âmbito do programa NextGeneration, que no caso português seriam cerca de 12 mil milhões de euros.

Responder à inflação

Outro dos temas centrais a debater no próximo Conselho Europeu tem a ver com a crise inflacionista e os “efeitos diretos da escalada dos preços da energia”, defendendo António Costa que a solução mais adequada para esta questão seria replicar as respostas que a Europa encontrou para responder à crise pandémica da Covid-19, “que provaram muito bem”, encontrando os mecanismos necessários e suficientes, “não para repetir o ‘lay-off’”, mas agora avançando para algo a que “poderíamos chamar de ‘lay-on’”, ou seja, “pagar para que as empresas mantenham a laboração, apesar do brutal aumento dos custos energéticos que neste momento suportam”.

O primeiro-ministro teve ainda ocasião, esta tarde, no Parlamento, de mostrar “total apoio” à proposta da Comissão Europeia para a criação de uma plataforma de compras conjuntas de gás, visando, como mencionou, “alcançar maior margem negocial para obtenção de preços mais competitivos e prevenir falhas de abastecimento”, reafirmando, contudo, que nenhuma medida poderá ser eficaz “sem que tenhamos um verdadeiro mercado europeu”, o que só se conseguirá, ainda segundo o primeiro-ministro, “quando houver uma verdadeira interconexão entre todos os Estados-membros”.

Em relação à agenda da próxima reunião de chefes de Governo e de Estado da União Europeia, António Costa voltou a apoiar a estratégia de “desconectar o preço do gás do da eletricidade”.

A este propósito, o líder do executivo português voltou a elogiar o mecanismo ibérico, como um instrumento transitório que tem permitido, em média, como salientou, “mesmo num ano de seca, um preço de cerca de 18% inferior àquele que seria, caso não estivesse a funcionar”, defendendo ainda ser necessário “rever definitivamente o mecanismo de fixação do preço da eletricidade, pondo fim ao mecanismo marginal que hoje já não tem qualquer justificação”.

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