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Proposta do PSD é “um logro” para “enganar deliberadamente os portugueses”

Proposta do PSD é “um logro” para “enganar deliberadamente os portugueses”

O dirigente socialista e secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, António Mendonça Mendes, acusou o PSD de esconder dos portugueses que a sua proposta de redução do IVA da eletricidade tem de ser sujeita a parecer europeu, reiterando que a mesma é objetivamente ilegal, ao violar os princípios que regem as regras de aplicação do imposto.
Proposta do PSD é “um logro” para “enganar deliberadamente os portugueses”

Intervindo no jantar que encerrou o primeiro dia de Jornadas Parlamentares do PS, esta terça-feira, António Mendonça Mendes, que é também líder da Federação do PS de Setúbal, apresentou detalhadamente os motivos pelos quais o Governo considera ilegal a proposta do PSD para reduzir a partir de julho o IVA da eletricidade para consumo doméstico, de 23% para 6%.

“A proposta do PSD viola linhas vermelhas do IVA sobre distorções da concorrência, matéria que é analisada pelo Comité do IVA para poder viabilizar uma medida. É bom que os portugueses saibam que a proposta que o PSD apresentou, embora não esteja lá escrito, tem de ser obrigatoriamente sujeita ao parecer do Comité do IVA [europeu] para ser efetivamente aplicada”, explicou.

Por isso, acrescentou, a proposta do PSD para a redução do IVA da eletricidade “faz parte do pior da velha política, porque é irresponsável pelos custos, mas também ilegal, porque viola todos os princípios que regem as regras do IVA”.

“Os deputados do PSD ou estão a enganar os portugueses de forma deliberada ou revelam total impreparação, porque não é possível separar consumos domésticos de eletricidade de outros consumos de eletricidade. Isso viola por completo o que está inscrito no artigo novo da diretiva do IVA, de acordo com o qual a atividade económica tem de ser encarada de forma objetiva independentemente do fim ou do resultado”, avisou o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais.

António Mendonça Mendes precisou que a proposta do PSD viola ainda o princípio da neutralidade do IVA, segundo o qual “não se pode gerar um tratamento desigual em relação a atividades da mesma natureza só por serem exercidas por sujeitos com natureza jurídica distintas”.

O governante apontou o exemplo da Bélgica que, em 2014, procurou introduzir idêntica distinção entre taxa de IVA para consumos domésticos e para outros consumos. “Essa consulta que fizeram ao Comité do IVA acabou por ser retirada, precisamente pelas considerações que a Comissão Europeia fez sobre as desconformidades face à diretiva do IVA”, recordou.

“Aquilo que o PSD está a apresentar é um logro. Eles sabem que estão a enganar deliberadamente os portugueses”, acusou António Mendonça Mendes.