“Temos de mobilizar o nosso povo para travar uma direita que quer trazer uma aventura fiscal ao nosso país, uma aventura que terá consequências negativas nos serviços públicos. Com a direita é como jogar numa lotaria: No final ganha uma minoria e o resto perde”, declarou o líder socialista, falando num grande almoço-comício em Guimarães.
Na sua intervenção, Pedro Nuno Santos disse “ouvir com revolta” posições que colocam em causa conquistas do 25 de Abril de 1974, como o Serviço Nacional de Saúde e a escola pública.
Nos oitos anos de Governo, recordou o Secretário-Geral do PS, “os salários e as pensões são mais altos, o défice desapareceu, a dívida, o desemprego e a pobreza desceram, o abandono escolar baixou o número de alunos no Ensino Superior subiu”.
“Percebemos que quem se queira apresentar a eleições tenha de apresentar um retrato negro do país, mas tem a obrigação de dizer a verdade. Quem quer ser primeiro-ministro tem de ser honesto. Parem de dizer mal, parem de denegrir o que os portugueses construíram”, afirmou, sendo muito aplaudido.
O Secretário-Geral do PS apontou, depois, que o presidente do PSD, Luís Montenegro, apesar de estar a contar com “a ajuda de muita gente”, se está a revelar “impreparado” para ser candidato a primeiro-ministro.
“Do outro lado temos a irresponsabilidade orçamental, a promessa de uma aventura fiscal e que tem como programa esvaziar os serviços públicos. Eles têm um líder impreparado, o que ficou óbvio no debate. Pode ter a ajuda de muita gente, mas ficou claro que o líder do PSD não sabia quanto custa o seu programa”, apontou.
Essa impreparação, prosseguiu, é também evidente no desconhecimento de que o valor da baixa de impostos que propõe teria consequências plurianuais nas contas públicas e não apenas num único ano, representando 16,5 mil milhões de euros em quatro anos. Ou ainda na falta de sentido de Estado, ao não transmitir uma palavra em defesa da ordem pública perante o protesto de agentes de forças de segurança à porta do Teatro do Capitólio em Lisboa.
“Temos um líder impreparado a liderar a AD, a liderar o PSD. Pode ter a ajuda de muita gente, só que agora é o tempo da rua e aí não tem hipóteses. Agora, é a nossa relação com o povo, não há intermediários. Somos nós e o povo”, frisou Pedro Nuno Santos, novamente muito aplaudido.
O líder socialista desmontou, de seguida, as propostas da AD, sustentando que “o choque fiscal” proposto pela direita, sobretudo com a descida do IRC, apenas beneficiará setores como as seguradoras, a banca, a grande distribuição e o imobiliário, contrapondo que Portugal precisa, sim, é de “um choque salarial”.
“O que nós precisamos é de continuar a aumentar salários em Portugal, como nós fomos fazendo ao longo destes últimos oito anos”, disse.
Pedro Nuno Santos apontou ainda que os partidos da direita querem desistir do SNS e desviar recursos do setor público, com base numa “mentira” sobre a capacidade instalada no setor privado, garantindo que, com o PS, “os recursos que nós tivermos são para investirmos nos nossos hospitais, nos nossos centros de saúde e nos nossos profissionais de saúde”.
Uma mentira da direita, acrescentou, que é também patente no que respeita aos pensionistas, “com quem dizem agora que se querem reconciliar”, ao mesmo tempo que Luís Montenegro “esconde” o ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho nesta campanha eleitoral, para esconder os cortes nas pensões que foram feitos entre 2011 e 2015 e que queriam permanentes.
Pedro Nuno Santos pediu, por isso, uma grande mobilização de todos até ao dia 10 de março.
“Nós temos 15 dias para mobilizar o nosso povo, para travar a direita. Nós queremos avançar e não regressar ao passado. Nós queremos um governo para todos, um governo para a maioria do povo português”, afirmou.
Solidariedade ao povo ucraniano
Na sua intervenção, depois de terem falado o autarca de Guimarães, Domingos Bragança, o presidente da Federação de Braga, Frederico Castro, e o cabeça-de-lista pelo distrito, José Luís Carneiro, o Secretário-Geral socialista não deixou de assinalar, também, os dois anos que se cumprem “da criminosa invasão da Ucrânia pela Rússia”, para garantir a solidariedade “total ao povo ucraniano” na luta pela sua liberdade.