“Vamos manter o rumo e o caminho que abrimos em 2015”
“É verdade que seremos mesmo um Governo de continuidade da mudança iniciada em 2015, das boas políticas que permitiram bons resultados e, com posições conjuntas ou sem posições conjuntas, estamos cá para garantir a continuidade que os portugueses disseram nas urnas desejar ter nesta legislatura”, afirmou António Costa, na abertura da Comissão Nacional do PS, que teve lugar em Santarém.
Na sua intervenção, o líder do PS fez também uma leitura do novo quadro político e parlamentar no país, em referência à solução governativa que vigorou na anterior legislatura, para deixar uma mensagem clara.
“Não é pelo facto de hoje não haver posições conjuntas [com Bloco de Esquerda, PCP e PEV] que não nos vamos bater nesta legislatura por prosseguir uma política de recuperação e valorização dos rendimentos, de valorização do trabalho e dos serviços públicos. Nós não estamos cá para voltar para trás, não estamos arrependidos, estamos aqui para seguir em frente e prosseguir o caminho que abrimos em 2015”, declarou.
Neste contexto, António Costa advertiu que “estão enganados aqueles que pensam que o PS vai andar aos ziguezagues nesta legislatura”.
“Percebo que alguns possam estar cansados de serem meramente forças de protesto, ou que tenham dúvidas ou angústias existenciais se devem estar mais próximos do poder ou mais longe das soluções de Governo, mas não me compete dar-lhes conselhos. Respeitarei qualquer das opções que sigam. Há uma coisa que gostaria de dizer: Amigo não empata amigo”, declarou, recebendo uma prolongada salva de palmas.
Vincando que “o PS não tem dúvidas sobre o caminho iniciado em 2015”, António Costa foi taxativo em afirmar que “não contem com o PS para fazer o que porventura desejaram que o PS fizesse”, citando as palavras de Manuel Alegre para lembrar que “o PS já é há suficientes anos um partido de esquerda para precisar de professores que lhe digam como se governa à esquerda”.
“O PS não dá aulas, mas também não as recebe, trabalhará em conjunto de igual para igual, com respeito por todos e em parceria”, reforçou.
António Costa referiu, depois, que o programa do Governo, que no sábado foi aprovado e entregue na Assembleia da República, “é essencialmente” o programa eleitoral do PS, “mas teve em conta aquilo que tivemos das conversas com o Bloco de Esquerda, com o PCP, com o PEV, Livre e PAN”. “E esse é o nosso compromisso com os portugueses”, sublinhou, reiterando a posição de abertura dos socialistas para prosseguir os entendimentos necessários ao interesse do país.
“A porta está aberta e também ficará aberta caso se desejem juntar a esta caminhada. Não a desejamos iniciar sozinhos, nem a desejamos prosseguir sozinhos, quem vier por bem é bem-vindo. Não impomos nada a ninguém, não fazemos ultimatos a ninguém, estamos de espírito aberto e não vamos reerguer o muro derrubado há quatro anos”, defendeu.
Proposta para salário mínimo de 750 euros levada esta semana à concertação
Ainda à margem da reunião da Comissão Nacional, o Secretário-geral do PS anunciou que vai reunir-se já na próxima semana com os parceiros sociais para apresentar a proposta, inscrita no Programa do Governo, de elevar o salário mínimo até atingir 750 euros em 2023.
António Costa lembrou que a fixação anual do salário mínimo nacional é “uma decisão do Governo”, mas sublinhou vontade e disponibilidade para envolver os parceiros num acordo social alargado nesta matéria.
“O bom senso manda que se ouça os parceiros sociais. Já para a semana, vamos ouvir os parceiros sociais em sede de concertação social e estaremos em condições de fixar a base de partida para esta caminhada que nos propomos fazer até atingir os 750 euros”, declarou.