“Vamos estar na rua a falar da Europa”, afiançou a cabeça-de-lista do PS às eleições europeias, numa entrevista que concedeu à CNN, ocasião em que destacou a importância de assumir uma “posição proativa” em prol de um projeto de paz e prosperidade “que está em causa”.
“Cada vez que abrimos a carteira e tiramos um euro, é a Europa que está lá”, exemplificou Marta Temido, apontando as diversas áreas da vida dos portugueses que dependem também e em grande medida do que é decidido no hemiciclo de Estrasburgo.
Ao reiterar os perigos que o projeto europeu enfrenta no decorrer da viragem à direita e do crescimento da extrema-direita em diversos países da União, Marta Temido recusou liminarmente o branqueamento do “discurso da violência e do ódio que nada resolvem”.
“É preciso referir, com lucidez e sem dramatismos, quais são as ameaças que enfrentamos, em termos de ambiente, de atitude e em termos de ausência de respostas”, alertou, numa preocupada referência ao “ruído” provocado por emergentes narrativas nacionalistas cada vez mais extremadas.
Assumindo desde logo o desígnio da candidatura socialista no sentido do reforço de uma da Europa social e de “compromisso com a memória”, Marta Temido alertou, porém, para a sensibilidade de algumas temáticas “verdadeiramente polarizantes e fraturantes” em torno de assuntos do passado e de percursos históricos, considerando necessário proceder com “o máximo respeito e sensatez nos debates públicos que se promovem”.
A propósito da renovação da lista do PS ao Parlamento Europeu para as eleições de junho, destacou o espírito de colaboração dos eurodeputados em final mandato.
“Temos podido contar com o trabalho de todos para o apoio àquilo que é a preparação com uma enorme generosidade, contando com a vantagem de um enorme conhecimento acumulado na defesa de dossiês importantes que vão desde as pescas à saúde, passando pelo alargamento”, salientou, reiterando o agradecimento pelo “magnífico desempenho que estes camaradas eurodeputados tiveram no Parlamento Europeu”.
Reforço da segurança
Instada a comentar as crescentes ameaças à estabilidade e à segurança que se fazem sentir no espaço europeu, num contexto geopolítico imprevisível, Marta Temido falou da guerra de agressão da Rússia sobre a Ucrânia, refletindo sobre o caráter crucial do ato eleitoral de junho.
“Nestes dias que antecedem uma eleição que muitas vezes é desvalorizada, com muita abstenção e baixíssimas taxas de participação, particularmente dos jovem, é preciso e é urgente perceber que é a própria existência dos valores do projeto europeu que estão em causa naquilo que vamos escolher”, sustentou, vincando que, em temas de defesa e segurança, “há uma estratégia de reforço que desguarnecemos e para a qual vamos ter de voltar, infelizmente, no quadro das necessidades atuais emergentes e no âmbito das nossas obrigações e compromissos como membros da NATO e da União”.