Um partido para além do Governo
O 21.º Congresso do Partido Socialista, que decorreu no passado fim de semana, constituiu uma primeira prova, superada, da capacidade do PS para demonstrar que tem vida própria para lá do Governo. Um dos problemas clássicos dos partidos que exercem o poder tem sido o de esgotar nessa frente a sua atividade, estiolando tudo o resto, muitas vezes a sua própria capacidade de discutir, refletir e gerar ideias. No PS, desta vez, houve uma preocupação acrescida em evitar esse fenómeno, designadamente através da criação da figura, neste caso, da secretária-geral-adjunta, cargo que tenho vindo a desempenhar, com muita honra e com toda a dedicação nos últimos meses. O PS é o principal apoio do Governo liderado por António Costa e fá-lo com gosto e entusiasmo. Os primeiros seis meses de Governo demonstram que, ao contrário do que muitos garantiam, há um outro caminho para a governação, um caminho mais amigo para as pessoas e para as famílias, sem abandonar o rigor financeiro e os nossos compromissos internacionais. A democracia só é garantida através da existência de alternativas políticas e não se compadece com a imposição de pensamentos únicos. António Costa já o disse há mais de dois anos: “Quem pensa como a Direita acaba a governar como a Direita”. O que o PS está a demonstrar no Governo de Portugal é a demonstração que não apenas não pensa como a Direita, mas também não governa como a Direita. E, sobre isso, não posso deixar de passar uma menção à sensação de otimismo responsável que António Costa deixou aos socialistas e a todos os portugueses na intervenção mobilizadora com que encerrou esta reunião magna do PS
O congresso demonstrou a correção do trajeto do Governo e do partido. De um partido que sempre foi e continuará a ser uma casa da liberdade e da democracia, onde ninguém é menos ou mais socialista por concordar ou discordar do que quer que seja. Nos últimos meses, de portas abertas, gerámos a mais ampla discussão e o debate sobre grandes temas e vamos continuar a fazê-lo. O PS é um partido aberto a todos os cidadãos, militantes e independentes, que se queiram juntar na defesa de valores como o Serviço Nacional de Saúde, a escola pública, a Segurança Social pública. Somos um partido de causas. Um partido ao serviço das pessoas e ao serviço de Portugal. É essa natureza que voltou a sair reforçada deste congresso.