Um “nado morto” da direita que pouco interessa aos portugueses
“Essa moção de censura foi um nado morto, visto que, ficou esclarecido, não teria maioria parlamentar para ser aprovada. Faz parte de uma certa disputa que existe hoje na nossa direita para ver quem se destaca mais, se o CDS-PP, se o PSD ou se os partidos emergentes como o Chega ou o Aliança”, afirmou o líder socialista e primeiro-ministro aos jornalistas, no sábado, à margem da Convenção Europeia do PS.
Para António Costa, esta iniciativa é mais uma questão “entre a direita” do que uma questão com o Governo.
O líder socialista afirmou estar “concentrado” em governar o país e continuar a resolver as questões que respeitam à vida dos portugueses, na saúde, na educação, na criação de mais e melhor emprego, na promoção do crescimento da economia, destacando ainda que o seu foco está na importância de que as próximas eleições europeias se revestem para o futuro do país.
António Costa frisou que Convenção socialista às europeias, que decorreu no sábado, em Gaia, “resulta de seis semanas de trabalho sobre o tema da Europa e é fundamental para termos um bom programa para afirmar Portugal na Europa e defender os interesses dos portugueses”.
Iniciativa “irrelevante” de um partido radicalizado
Já na sexta-feira o líder parlamentar do PS, Carlos César, desvalorizara a moção de censura anunciada pelo CDS, considerando tratar-se de uma “iniciativa irrelevante” que serve apenas os objetivos eleitorais de um partido que tem vindo a radicalizar-se.
“Esta moção de censura é um déjà vu nos trabalhos parlamentares. O CDS não diz nada que já não tenha dito e não está a fazer nada que já não tenha feito”, afirmou o presidente do PS, salientando que “praticamente antes de nascer, já não conta para o trabalho político”.
Em declarações aos jornalistas, no Parlamento, Carlos César acusou o CDS de radicalização apenas para se colocar em vantagem em relação aos outros partidos da direita e para embaraçar o PSD, como o veio já, aliás, a confirmar o anúncio de voto favorável por parte deste partido, mesmo reconhecendo que a iniciativa “não tem qualquer efeito prático”.
“O CDS parece ter uma única preocupação que é a de disputar as próximas eleições em condições privilegiadas face aos restantes partidos da direita”, considerou, sublinhando que “esta iniciativa não olha de frente o país, olha para o lado, para o PSD, já que procura sobretudo embaraçar o PSD e barrar caminho a outros partidos considerados emergentes como o Chega ou o Aliança”.
“Na verdade, o CDS tem sido um partido que ao longo deste último período se tem radicalizado de forma muito impressiva. É hoje um partido mais extremista, que se exclui do diálogo político”, acusou Carlos César.
Para o líder parlamentar do PS, embora reconhecendo que “há greves a mais, greves injustas e greves sem coração”, o CDS não devia usar este argumento pois existe uma grande diferença relativamente às paralisações que ocorreram durante o Governo anterior: “No tempo do CDS e do PSD tínhamos greves porque tiravam tudo aos portugueses, mas hoje em dia temos greves porque ainda não melhorámos tudo quanto alguns setores profissionais acham que é possível melhorar”.
“Vamos continuar a trabalhar para que não se de nova oportunidade à direita para afrontar a situação das famílias portuguesas, com os pés bem assentes no chão. Deixamos o espetáculo da política para outros”, afirmou Carlos César.