Um casamento de amor
É o CDS-PP que anuncia estar a preparar o seu próprio programa eleitoral em sucessivas sessões cibernéticas. É o PSD, que, através do seu inefável coordenador do programa eleitoral e diretor do gabinete de estudos, anuncia as “primeiras propostas” (sic) do partido para “os próximos dois meses” (sic). São as mirabolantes sondagens que “fontes” do PSD se têm entretido a fazer constar que possuem e que revelam até que há vários círculos eleitorais onde o PSD sozinho teria resultados melhores do que coligado com o CDS-PP. São as distritais “laranja” que vão revelando o seu incómodo por terem de ceder lugares nas listas aos candidatos do CDS. É a vaga tentativa do CDS querer fazer ressuscitar (olha que lata!) o velho “partido dos contribuintes” (lembram-se dele?) que esta legislatura enterrou bem enterrado, perante o desconforto do PSD. É o PSD, finalmente, pela voz do seu líder a afirmar já esta semana aos seus correligionários que bom bom era governar sozinho.
O clima, como se vê por esta muito sintética amostra, é de profundo carinho e ternura entre os dois nubentes. Obviamente e convenientemente, a bem da Nação, acabará em casamento. De conveniência, sim. Mas também por puro amor, claro, e não por interesse, porque como diz a velha anedota, nenhum deles tem qualquer interesse no outro.
Para já, prosseguirá a tal estranha “dança de acasalamento”, a que, aliás, a generalidade da imprensa tem dado muito pouca relevância. Percebe-se porquê. Os portugueses têm pouco interesse no futuro de tais nubentes, é verdade. E, porventura, talvez seja, pela forma e pelo conteúdo, mais assunto para o “National Geographic”.
Duarte Moral