UE prepara fundo de 700 milhões para ajuda humanitária
“A Europa está à beira de uma crise humanitária auto-induzida.” O alerta vem do alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), que sublinha que a situação que se vive na Grécia poderá fazer deste país o palco de uma crise humanitária provocada em grande parte pela falta de solidariedade europeia e pela incapacidade dos Estados-membros para aplicarem as medidas tomadas.
Esta situação de emergência levou já o Governo grego a apelar a uma resposta solidária comum e à disponibilização imediata pelas autoridades europeias de um apoio financeiro de urgência para assistência humanitária aos cerca de 27 mil refugiados que se encontram no país, em condições de alojamento, alimentação e sanitárias crescentemente precárias.
O apoio humanitário que deverá ser hoje aprovado coincide com o périplo que o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, se prepara para realizar junto de alguns Estados-membros onde as questões fronteiriças e a pressão do fluxo de refugiados se tem feito sentir de forma mais acentuada, antecipando a cimeira extraordinária da próxima segunda-feira sobre este tema.
Portugal disponível para acolher
O ministro dos Negócios Estrangeiros português reafirmou, na passada sexta-feira, que Portugal “está disponível para acolher na ordem da dezena de milhar” de refugiados, número que ultrapassa em dobro a quota inicialmente atribuída ao país, ao abrigo do programa de recolocação comunitária.
No final do terceiro encontro do Grupo Informal do Mediterrâneo, em Chipre, Augusto Santos Silva salientou que a posição portuguesa está em comunhão com o que deve ser a obrigação de qualquer Estado-membro da União Europeia em “contribuir para a resolução conjunta dos problemas que minam essa União”.
O governante lembrou que “nenhum país europeu está imune às consequências de um fluxo de refugiados ou de uma corrente migratória descontrolada, seja porque é um país de destino dos refugiados, como a Alemanha, Suécia ou Dinamarca, seja porque é um país de trânsito ou um país de origem, da primeira chegada à Europa”.
Augusto Santos Silva enfatizou que, perante a crise migratória com que a União Europeia se está a confrontar, “precisamos, no contexto europeu, de acolher centenas de milhares de pessoas que precisam da nossa ajuda”.
Os países europeus têm de “tornar efetivo o que dizem nas palavras «solidariedade europeia»”, afirmou ainda o ministro português.