UE deve reforçar mecanismos de coesão para retomar convergência
O secretário-geral do PS, António Costa, considerou no domingo no Algarve que a União Europeia deve reforçar os mecanismos de coesão para retomar o caminho da convergência entre as zonas mais ricas e mais pobres.
Num jantar do Rotary Club de Albufeira, o líder socialista criticou a política de austeridade que tem sido seguida na União Europeia (EU) e apontou a necessidade de traçar em Portugal uma estratégia de médio e longo prazo centrada na educação, na formação de adultos e na exploração de recursos energéticos como o sol ou o mar.
“Nós temos de retomar a convergência, porque além do mais não haverá estabilidade na zona euro enquanto as economias forem crescentemente divergentes”, afirmou António Costa.
O dirigente socialista manifestou o desejo de que a situação da negociação entre a UE e a Grécia, que disse ter um papel geoestratégico importante, se resolva até ao final da semana, mas advertiu que o problema atual da Europa não se resolve nem com austeridade nem forçando os parceiros europeus a adotar um programa que não escolheram e imposto por um país.
“Esperemos que até amanhã ou até ao final da semana tudo se resolva para bem da Grécia. Ninguém pode desejar o contrário, tudo o que venha de bem [é] excelente. Ainda bem que os mercados estão tranquilos relativamente a Portugal, temos que desejar que assim seja e devemos fazer tudo para não perturbar que assim seja. Agora, não nos podemos iludir a nós próprios relativamente à situação”, disse António Costa.
O secretário-geral do PS frisou que não ter ilusões “significa que se tem que tratar mesmo da convergência” e para alcançá-la é necessário “ter uma estratégia de médio e longo prazo e ter a paciência e a persistência de prosseguir essa estratégia”.
O maior défice de Portugal “é o défice de qualificações e o défice de qualificações que o país atravessa é uma batalha para várias gerações”, acrescentou, apontando também a exploração do sol como recurso energético que “pode ser exportado” para países dependentes energeticamente, como a Alemanha, ou com a exploração do mar.
António Costa sublinhou que, além dos efeitos económicos negativos que a austeridade trouxe, houve também consequências dessa opção em termos políticos, com o surgimento de radicalismos de várias índoles em vários países.
“A primeira lição que temos que retirar daqui é que o insucesso da política de austeridade não se limitou aos seus efeitos económicos e tem tido um efeito muito negativo do ponto de vista político e à escala global da UE, com o favorecimento dos radicalismos, nuns casos de base nacionalista, noutros de extrema-direita, noutros de extrema-esquerda, mas enfraquecendo sempre o projeto europeu”, considerou.
António Costa quer, por isso, ter uma “UE mais unida e mais forte” e considera que “isso implica um outro nível de relacionamento entre os diferentes Estados e entre os Estados e a União”.