Falando na sessão de abertura da VI Cimeira do Turismo Português, que decorreu na Fundação Champalimaud, em Lisboa, António Costa começou por lembrar que não houve outro setor da economia tão afetado pelos dois anos “muito duros” da pandemia como o do turismo, recordando que, em 2019, ano imediatamente anterior ao início da pandemia, o mesmo representava 8% do valor acrescentado bruto nacional, 10% do emprego e 20% das exportações de bens e serviços do país.
“Foram dois anos onde as empresas de turismo, de hotelaria, de restauração, as agências de viagem, as companhias de aviação, toda a fileira do turismo viveu uma situação dramática”, assinalou, sustentando que, para fazer frente a esta situação, o Governo adotou “medidas de apoio no valor de 1.800 milhões de euros, que permitiram apoiar 200 mil trabalhadores, 35 mil empresas e mais 160 mil trabalhadores que tiveram ações de formação”.
“O lançamento do plano Reativar Turismo, no valor total de 6 mil milhões de euros, dos quais estão já em execução 2 mil milhões de euros”, representou e representa, na ótica do líder do Governo, “uma oportunidade que não podemos deixar de aproveitar para o relançamento desta atividade”.
António Costa congratulou-se, de seguida, pela forma como o setor foi capaz de responder a este estímulo, retomando, “depois desta gravíssima crise que viveu”, uma trajetória de recuperação que já está nos níveis pré-pandemia, observando que “julho foi mesmo o mês onde as exportações de viagens e turismo bateram o recorde desde que há registos, em 1996”.
Também na procura interna, registou-se já um crescimento de 16% em comparação com 2019 nas dormidas de residentes, o que significa, igualmente, “que os portugueses redescobriram Portugal”.
“Uma nova tendência que temos de manter e acarinhar, porque significa um sustento importante para uma estratégia que visa a diversificação regional e, sobretudo, o fim da sazonalidade, permitindo o reforço do turismo durante todo o ano”, disse António Costa.
O líder do executivo afirmou ainda que “a história do turismo” nestes últimos anos é, também, “um bom exemplo da forma como temos que encarar este novo momento de incerteza e de angústia”, marcado “pela essência de uma guerra na Europa que atinge brutalmente a Ucrânia e o seu povo, mas que tem um efeito à escala global do ponto de vista económico, do ponto de vista social e do qual a inflação é seguramente a marca maior”.
Governo apresenta quarta-feira traçado de alta velocidade Lisboa-Porto-Vigo
Na sua intervenção, António Costa sustentou ainda a necessidade de o país investir em “boas infraestruturas”, designadamente ao nível dos transportes, “para que haja turismo sustentável em Portugal”, anunciando, a propósito, que na quarta-feira, no Porto, irá ser apresentado o traçado e desenvolvimento da linha ferroviária de alta velocidade Lisboa-Porto-Vigo.
“Amanha mesmo [quarta-feira] o Governo vai apresentar na cidade do Porto o traçado e o desenvolvimento da linha de alta velocidade entre Lisboa, Porto e Vigo. Será o primeiro eixo estruturante da nossa inserção na rede ibérica de alta velocidade”, revelou, apontando ainda para a aprovação do Plano Nacional Ferroviário, “uma decorrência já do Plano Nacional de Infraestruturas”.
“A ligação ferroviária é fundamental para a coesão nacional e para o turismo sustentável”, concluiu António Costa.