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Tolerância Zero Contra a Mutilação Genital Feminina

Tolerância Zero Contra a Mutilação Genital Feminina

O Governo, através da secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Rosa Monteiro, em conjunto com a Associação Corações com Coroa, assinalaram hoje, em Lisboa, o Dia Internacional da Tolerância Zero Contra a Mutilação Genital Feminina com a realização de um encontro de debate e sensibilização sobre este flagelo.
Tolerância Zero Contra a Mutilação Genital Feminina

A iniciativa contou com a presença de Catarina Furtado, presidente da Associação Corações com Coroa e Embaixadora de Boa Vontade do Fundo das Nações Unidas para a População, associando-se ainda personalidades da área da moda, do teatro ou da televisão, entre as quais as atrizes Mariana Monteiro e Teresa Tavares, Mariama Barbosa, relações públicas da ModaLisboa, a jornalista Ana Daniela Soares e Namalimba Coelho, assessora de Imprensa do Museu Coleção Berardo.

Referindo-se aos cerca de 240 casos detetados em Portugal nos últimos três anos, Rosa Monteiro afirmou que estes são números “dramáticos”, sustentando que “a ideia da dor e da crueldade subjacente a esta prática, além de nos deixar arrepiados tem de nos mobilizar para a ação”.

Para a governante, é preciso ter “muita coragem para enfrentar o ‘status quo’”, que “não fala porque desconhece”, porque “é incómodo” ou “porque há outros assuntos prioritários”.

A Mutilação Genital Feminina (MGF) afeta pelo menos 200 milhões de mulheres e raparigas em todo o mundo e o abandono desta prática está contemplado nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, segundo os quais os países se comprometem a eliminar este flagelo até 2030.

Esta realidade afeta países de África, Ásia e Médio Oriente, mas também da Europa. Segundo estimativas do Instituto Europeu do Género, na União Europeia cerca de 180.000 raparigas e mulheres por ano estão em risco de ser submetidas a uma MGF.

Rosa Monteiro assinalou os progressos feitos em Portugal – onde, ainda assim, estima-se que cerca de 6.576 raparigas e mulheres com mais de 15 anos tenham sido submetidas a esta prática – e no mundo para combater o flagelo, mas advertiu que é preciso fazer mais.

“Se não fizermos de maneira diferente, se não intensificarmos esta luta”, estima-se que, até 2030, mais 54 milhões de raparigas e mulheres possam vir a ser excisadas, observando que esta “é uma ameaça” que também aumenta com a intensificação dos fluxos migratórios.

“Temos de capacitar os profissionais de saúde, os magistrados, os profissionais de justiça”, mas também quem trabalha nas escolas para que aprendam “a despistar, a apoiar, a encaminhar e a capacitar estas meninas e mulheres”, defendeu.

Este trabalho, acrescentou, tem também de ser desenvolvido junto das pessoas e nas comunidades no sentido de as levar a compreender que “há alternativas e caminhos diferentes para as raparigas e mulheres que lhes permitem um estatuto social igualmente valorizado que não passe por estas práticas de violência”.

“O pacto de silêncio entre as mulheres”, que “vem de gerações, das avós, das mães e das próprias meninas e raparigas que foram vítimas em Portugal ou quando vão de férias ao seu país de origem”, é, na opinião da governante, “o grande obstáculo” à denúncia que importa vencer.