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Surto do coronavírus não deve ser usado para fazer combate político

Surto do coronavírus não deve ser usado para fazer combate político

Combater o surto do coronavírus não deve servir de pretexto para uma “luta partidária” e muito menos para uma batalha para “desgaste político do Governo”, defendeu o ministro Augusto Santos Silva, no Parlamento.

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Surto do coronavírus não deve ser usado para fazer combate político

É descabido que haja um qualquer tipo de aproveitamento partidário para fazer da luta contra o novo coronavírus, um flagelo que atinge já proporções globais, uma oportunidade de combate político contra o Governo, sustentou o ministro dos Negócios Estrangeiros ontem no Parlamento, durante um debate sobre as prioridades da presidência do Conselho da União Europeia e a participação de Portugal na Cooperação Estruturada Permanente.

Neste debate parlamentar, o ministro destacou que um dos temas que mereceram maior atenção por parte do Conselho Europeu teve a ver com as preocupações resultantes do alastramento do vírus e das consequências para a economia europeia, em particular, como salientou, para o setor das viagens, do turismo e para “setores industriais que dependem de cadeias globais”, esperando que dessas consequências não resultem perdas em “matéria de rendimentos das famílias, de emprego e de salário”. Lembrando, a propósito, que o Governo tem vindo a tomar um conjunto importante de medidas, sempre com a preocupação de evitar que estes cenários se possam tornar uma realidade.

É por isso muito importante que não se faça do coronavírus uma oportunidade para combater politicamente o Governo, sustentou Augusto Santos Silva, reafirmando que este é um “problema nacional e europeu” e que só em conjunto “o poderemos debelar”, voltando a referir que os “gastos adicionais” e as consequências financeiras que o Covid-19 terá sobre a economia, como também ficou garantido na reunião do Conselho Europeu, “não vão contar para a determinação das regras de disciplina orçamental”.

Não repetir erros

O ministro dos Negócios Estrangeiros pegou nas palavras recentes do primeiro-ministro para defender, também, que os líderes europeus não podem assumir uma postura irracional em relação à questão do coronavírus e repetir os erros cometidos na crise financeira de 2007/2008, quando “aprovaram medidas para contrariar a recessão económica e depois castigaram a sua execução”, lembrando aos deputados ter sido precisamente esta a posição defendida na véspera por António Costa, na reunião realizada por videoconferência entre todos os membros do Conselho Europeu.

Em relação aos desafios que a Europa tem de enfrentar, o ministro Augusto Santos Silva referiu ser no mínimo problemático falar-se da necessidade de proteger as pessoas sem ter em conta “duas urgências imediatas” que a União Europeia vive, referindo-se, designadamente, a impedir o alastramento da epidemia do coronavírus e a desenvolver as medidas necessárias para a sua contenção e posterior mitigação, por um lado, e, por outro, como acrescentou, à “necessidade de construirmos ao longo deste semestre” uma “política europeia comum voltada para as migrações e para o asilo”.