Falando esta quinta-feira, na cidade da Horta, ilha do Faial, Andreia Cardoso censurou que os “Açores tenham de continuar a voar baixinho” por causa de um orçamento que “não prevê medidas eficazes para responder aos desafios estruturais da Região, nem mesmo às verdadeiras necessidades dos açorianos”.
Após criticar a falta de vontade política para o diálogo demonstrada pelo executivo de Bolieiro, que “não quis falar com o PS, nem mesmo depois de o senhor presidente ter tido previamente acesso às propostas socialistas”, Andreia Cardoso lamentou que tão somente duas alterações avançadas pelos deputados socialistas “tenham merecido consideração e voto favorável”.
Durante a declaração de voto ao Orçamento da Região para 2025, a líder parlamentar do PS na Assembleia Legislativa Regional considerou que, na conjuntura atual, “o voto contra do PS/Açores não deve surpreender ninguém”.
Desde o início estivemos abertos ao diálogo e apresentámos 11 propostas concretas para viabilizar o Orçamento, “mas o Governo Regional optou por ignorar soluções essenciais para a população”, lembrou.
Entre as razões para a reprovação socialista da proposta orçamental, Andreia Cardoso sublinhou que, para além da rejeição das propostas do PS para travar o crescimento da dívida pública – que já ultrapassou os três mil milhões de euros –, pesou também o aumento das desigualdades sociais e a falta de investimento público na educação e na habitação.
De referir que o Orçamento dos Açores para o próximo ano foi aprovado por maioria, ontem, em votação final global, com 22 votos a favor do PSD, cinco do Chega, dois do CDS-PP e um do PPM.
O documento, que define as linhas estratégicas do governo regional para 2025, atingindo o montante de 1.913 milhões de euros, mereceu também 22 votos contra da parte do PS, um do BE, um da Iniciativa Liberal e um do PAN.
36 propostas para “minimizar fragilidades”
Quanto ao Plano Anual dos Açores para o próximo ano, igualmente aprovado ontem, com a abstenção socialista, Andreia Cardoso destacou a contribuição do Partido Socialista, que levou à discussão 36 propostas de alteração, “mostrando genuína abertura ao diálogo” em áreas fundamentais como habitação, juventude, saúde, agricultura, pescas e finanças.
“Apesar do desnorte evidenciado pelo presidente do Governo e do PSD, o PS manteve total abertura”, porque o que realmente interessava era “minimizar as fragilidades dos documentos, contribuindo com soluções concretas para problemas conhecidos e sentidos, todos os dias, pelas açorianas e pelos açorianos”, resumiu.
Na sua intervenção, a líder da bancada socialista açoriana garantiu que a posição assumida pelos deputados do PS visou “contribuir para uma sociedade em que fosse possível crescer com esperança e envelhecer com dignidade”.
“Em que todos, sem exceção, vivam com qualidade” e em que “vejam os seus direitos respeitados”, disse. “Uma sociedade preparada para um novo futuro”, prosseguiu Andreia Cardoso, garantindo que os socialistas nos Açores continuarão “atentos em cada uma das nove ilhas”.
“Não queremos uma sociedade amiga de uns poucos e madrasta para muitos. Queremos os Açores para todos. É isso que nos diferencia e é isso que guia a nossa ação”, rematou.