Só uma Europa forte pode influenciar a política mundial
Para António Costa, que falava à margem das comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, que este ano se iniciaram nos Açores e prosseguiram no domingo em Boston e em Providence, nos Estados Unidos da América, a União Europeia, numa altura em que o mundo enfrenta novos desafios que podem colocar em causa muitos dos seus valores, tem os meios e sobretudo dirigentes altamente qualificados, que são capazes de travar com êxito um combate pelos valores humanistas, promovendo consensos que “recusam a construção de muros” ou de quaisquer outros obstáculos ao diálogo e ao entendimento entre os povos.
Segundo António Costa, só com uma Europa forte e falando a uma só voz, é possível alcançar e consolidar objetivos tão importantes como o “cumprimento do Acordo de Paris”, referindo que nenhum desafio ou combate está definitivamente ganho ou encerrado, lembrando a este propósito as recentes posições assumidas pelo Presidente norte-americano, quando defende valores e princípios que todos “julgávamos estarem já enterrados”, como as “barreiras à liberdade de comércio ou à circulação de pessoas”.
Na opinião do primeiro-ministro, alguma da instabilidade que o mundo hoje vive, quer do ponto de vista político, quer social, vem provar, se dúvidas houvesse, que “precisamos de uma Europa cada vez mais forte”, capaz de ser um “motor de consenso, uma ponte de ligação entre todos e não um corpo que se isole”.
Quanto a Portugal, o primeiro-ministro disse que não tem dúvidas de que reúne um enorme potencial para poder dar um “contributo determinante” no envolvimento e na participação da Europa na resolução dos problemas que hoje afligem o mundo, salientando que não se deve confundir o que são as “conjunturas dos governos ou dos presidentes que estão em funções aqui e ali com os vínculos permanentes históricos, duradouros, que existirão sempre”.
Relações com os Estados Unidos
Já quanto às relações entre Portugal e os Estados Unidos da América, designadamente, no que respeita particularmente aos Açores, António Costa assume ser possível e desejável que se criem “outras formas de cooperação” que vão além da base das Lajes, na Ilha Terceira, como é o caso da parceria em relação ao Centro de Defesa Atlântico e o Air Center, justificando estas novas áreas de cooperação com a “realidade que vai mudando”.
Também em relação à Ciência, o primeiro-ministro lembrou que novas portas “perante os desafios que a humanidade enfrenta” se têm vindo a abrir na cooperação entre os EUA com a Região Autónoma dos Açores, em áreas como a das “alterações climáticas ou a da descoberta da profundeza do mar”.
OE a seu tempo
Já em relação à política interna e ao que à aprovação do Orçamento do Estado (OE) para 2019 diz respeito, o primeiro-ministro mostrou-se tranquilo, considerando que as negociações com os partidos à esquerda do PS têm garantido até agora bons Orçamentos, que têm assegurado “estabilidade e bons resultados económicos”, não havendo, por isso, como insistiu, qualquer razão para que o próximo Orçamento do Estado não cumpra igualmente, tal como aos anteriores, os mesmos objetivos.
Contudo, António Costa não deixou de salientar que o otimismo que manifesta em relação à aprovação do próximo OE não implica que se esqueça que “cada negociação” com os parceiros, que têm apoiado parlamentarmente o Governo, “é uma negociação”, frisando que o importante é prosseguir com o objetivo de assegurar que o país continua a “crescer economicamente, a criar emprego e a convergir com a União Europeia”.
No final da conversa que manteve com os jornalistas à chegada a Ponta Delgada, nos Açores, António Costa admitiu a possibilidade de as comemorações do Dia de Portugal em 2019 poderem ter lugar numa comunidade portuguesa em África, deixando, contudo, antever que apesar de ainda não estar “fixado em definitivo” qual vai ser o local, a presunção de se poder realizar o Dia de Portugal em 2019 em África é uma hipótese que está em aberto, depois de as comemorações já terem tido lugar na Europa, na América do Sul e este ano na América do Norte.