O Secretário-geral do PS falava ontem na RTP no primeiro debate televisivo das eleições legislativas, num frente-a-frente com o líder do Livre, Rui Tavares, com António Costa a insistir por diversas vezes durante a sua intervenção que a escolha dos portugueses é entre “a continuação de uma solução estável e de progresso com o PS ou a do regresso às políticas de austeridade” com a direita, uma opção que, para o também primeiro-ministro, “faz-se entre mim e o doutor Rui Rio”.
Uma maioria do PS que significa uma aposta na “estabilidade e na continuação das políticas de progresso”, mas que em caso algum, como acautelou o líder socialista, não exprime o desejo nem a vontade do PS de “governar sozinho”.
Lembrando que por diversas vezes ao longo da sua vida política governou em maioria e em minoria – “e não foi isso que mudou o António Costa” -, o Secretário-geral do PS reiterou ser uma pessoa “de consensos, de compromissos e de diálogo”, mostrando-se, contudo, indisponível para participar em jogos ou em decisões políticas que permitam que “volte a acontecer o que aconteceu neste orçamento”.
Quanto à eventual necessidade de haver ou não um acordo escrito à esquerda, António Costa voltou a defender o que há muito vem sustentando, que a “forma nunca é uma questão essencial”, insistindo que na legislatura anterior tinha já havido um documento escrito, não constando nele, contudo, “nenhum compromisso dos partidos em viabilizarem o orçamento”.
O importante, ainda segundo o líder socialista, é que o país não fique dependente dos “humores, jogadas políticas ou da movimentação tática de cada um dos partidos”, mas que Portugal disponha, pelo contrário, de um programa de governo “para quatro anos”, sustentado em ideias e em opções políticas progressistas, valores que são claramente contrários, como referiu, aos defendidos pelo PSD de Rui Rio.
A este propósito, António Costa lembrou que o líder do PSD rejeitou de viva voz, no Parlamento e fora dele, a decisão do Governo do PS de aumentar já neste mês de janeiro o salário mínimo nacional para 705 euros, com o compromisso de até 2025 chegar aos 850 euros.
Uma argumentação que serviu de pretexto, uma vez mais, ao Secretário-geral socialista, para lembrar que “com um eventual governo de Rui Rio nem sequer este aumento teríamos tido”, voltando a defender que só o voto no PS pode garantir que o país não terá o regresso da direita e poderá prosseguir o caminho de progresso que desenvolveu nestes últimos seis anos.