SNS está a ser “a manta que protege todos os portugueses”
“É essa a lógica do SNS, a do guarda-chuva que protege todos, independentemente da sua capacidade de pagar”, sublinhou a ministra da Saúde, Marta Temido, em entrevista ao Podcast do PS ‘Política com Palavra’.
Na entrevista, conduzida pelo jornalista Filipe Santos Costa, a ministra da Saúde abordou também, com precaução, a possibilidade de uma segunda vaga de contágios, admitindo que se trata de um contexto “em que ninguém pode estar totalmente tranquilo”. “Mas penso que estaremos preparados”, afirmou.
“Cada vez mais temos de considerar a nossa possibilidade de enfrentar este surto com medidas de precisão. Há até quem diga que precisamos de uma saúde pública de precisão, em que a resposta não é uma mesma medida de grande alcance para todo o país, para todas as atividades, todas as circunstâncias, mas sim medidas de precisão”, apontou.
Sobre o papel dos prestadores de serviços de saúde privados na resposta à Covid-19, Marta Temido quis salientar, por exemplo, em matéria de testes de diagnóstico, “a capacidade de colaboração de privados e academia”.
“Os privados comportaram-se como um agente económico. Não tenho ideia de que quem opera no mercado tenha comportamentos unicamente movidos pelo altruísmo. (…) No final do dia provavelmente não temos todos os mesmos objetivos”, disse, acrescentando que, “quem quis ajudar e colaborar, ajudou e colaborou, e estamos muito gratos por isso.”
“Estamos a trabalhar na retoma da normalidade dentro do SNS”
Marta Temido abordou, também, o esforço do serviço público para o regresso à normalidade, aliviada a pressão da resposta à Covid-19, afirmando que “não era realista” pensar que o SNS iria passar por uma situação deste tipo sem haver consequências na sua restante atividade e sem enfrentar dificuldades para recuperar o que teve de ficar em suspenso nestes dois meses.
“A primeira coisa é começar a atividade programada na área da cirurgia de ambulatório, pois são situações menos complexas”, afirmou, acrescentando que as outras cirurgias, que impliquem necessidade de recurso a unidades de cuidados intensivos, “têm de ser programadas com cautela pois são situações que competem com eventual recrudescimento da Covid”.
Para Marta Temido, o papel dos privados será “muito importante” para complementar este esforço, referindo que o SNS tenciona recorrer à sua participação.
“Pela minha parte, e das análises que já fizemos, essa intenção existe, é clara, e vamos acioná-la”, afirmou.