Atribuição do Prémio Mandela a Sampaio
O Prémio Mandela visa reconhecer a contribuição excecional de personalidades que têm dedicado as suas vidas e ação em prol da humanidade, tendo sido entregue a Jorge Sampaio na passada quinta-feira, na sede das Nações Unidas. Ocasião que o ex-Presidente da República aproveitou para fazer uma evocação emocionada do povo português como “um povo bravo, generoso, extrovertido e resiliente”.
“Perdoem-me por esta evocação mais pessoal e nacional. Mas devo dedicar esta aclamação ao meu país e aos meus caros concidadãos. Os portugueses são um povo bravo, generoso, extrovertido e resiliente. São tolerantes, têm a mente aberta e são cooperantes. Sempre repeti incessantemente que o melhor que o nosso país tem são as suas pessoas, homens e mulheres de esperança, perdão e resistência”, disse Jorge Sampaio.
Num discurso de cerca de 15 minutos, o também ex-Secretário-geral do PS falou um pouco da sua história pessoal, marcada pelo combate contra a ditadura do Estado Novo e pela defesa de uma democracia política, económica e social.
“Há várias, longas décadas era um estudante universitário no meu país, Portugal, e vivíamos com medo, sob um controlo repressivo sufocante e um regime político repressivo. Éramos uma sociedade atrasada, subdesenvolvida devido às guerras coloniais, aos cérebros que partiam e a enormes níveis de imigração”, disse, acrescentando que nesses tempos sombrios “Portugal estava isolado, diplomaticamente isolado das organizações europeias e de outros fóruns democráticos”.
No entanto, sublinhou, “ainda assim, em 1974, tivemos a nossa revolução democrática e grandes mudanças foram introduzidas, trazendo esperança e um futuro mais brilhante para o povo português”.
Por outro lado, o também ex-secretário-geral do PS teve também uma palavra para os países de língua oficial portuguesa, afirmando estar “orgulhoso por metade dos primeiros recipientes do prémio ONU falar português”.
Sublinhando que não é apenas em Portugal que este prémio encontra ressonância, mas em todo mundo, através do Brasil, Moçambique, Angola, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e Timor-Leste.
“Deixem-me prestar tributo a todos os membros da nossa família que fala português e que aqui está hoje e celebrar a nossa união na nossa diversidade”, disse Sampaio.
O antigo Presidente da República fez ainda questão de sublinhar: “Este prémio é-me apenas confiado. É por isso que gostava de falar por todas as pessoas que conheci a volta do mundo e com quem tive o privilégio de trabalhar”.