Seria “irresponsável” ficar impávido perante o crescimento da pandemia
“Se me pergunta se é uma proposta que eu goste, eu não gosto. Eu não gosto de proibições. Agora, há uma coisa que eu constato: nós não podemos estar impávidos a assistir a um aumento crescente dos números […] e não reagir. Ora, não há três ou quatro formas de reagir. Há duas: ou parar as atividades, e isso tem um enorme custo social e económico, ou alterar os comportamentos”, declarou.
António Costa, que se encontra em Bruxelas para participa na cimeira europeia, disse ter noção de que a proposta que o Governo apresentou na véspera à Assembleia da República pode ser entendida como autoritária, mas insistiu que o fundamental é preservar a capacidade do Serviço Nacional de Saúde e “assegurar a todo o custo que atividade letiva não sofre sobressaltos” e que não será necessário adotar de novo medidas que agravassem a crise económica e social em resultado de um crescimento exponencial da pandemia.
O Governo, recorde-se, anunciou na quarta-feira novas medidas para travar o aumento do número de casos de Covid-19, entre as quais a declaração da situação de calamidade para todo o território nacional, que se manterá pelo menos até final do mês, assim como um conjunto de decisões que visam reforçar a adoção de comportamentos individuais que ajudem a prevenir e travar a expansão da pandemia.
Preservar a capacidade do SNS
“Motivemo-nos naquilo que tem que ser a prioridade muito clara: preservarmos a capacidade do nosso Serviço Nacional de Saúde, assegurar que as atividades letivas vão prosseguir ao longo de todo o ano letivo sem interrupções nem incidentes e que não vamos ter que tomar nenhuma medida que agrave a crise económica e social que estamos a viver e que tem consequências desde já muito pesadas no emprego e no rendimento das famílias”, sublinhou António Costa, na conferência de anúncio das medidas.
Na conferência de imprensa na qual anunciou um conjunto de oito decisões tomadas pelo Conselho de Ministros para “reforçar o sentido coletivo de prevenir a expansão da pandemia”, António Costa voltou a apelar ao comportamento individual uma vez que, tal como em março e abril, será da ação de cada uma das pessoas que “depende o sucesso do combate a esta pandemia”.
Dirigindo-se aos portugueses, António Costa pediu que se vença o cansaço através determinação que é preciso ter. “Sei bem que hoje existe um cansaço em muitas pessoas relativamente ao conjunto de limitações que têm vindo a ser impostas à nossa vida em sociedade. Há em muitas pessoas, designadamente as de faixas etárias mais jovens, uma perceção errada de um menor risco dos efeitos da Covid”, afirmou, fazendo questão de “chamar a atenção que esse menor risco é ilusório” e que “o dever que temos é não só nos protegermos, mas o dever de proteger os outros”.
Neste sentido, o primeiro-ministro explicou que a proposta que o Executivo vai apresentar à Assembleia da República destina-se, precisamente, a enquadrar a necessidade de adoção desses comportamentos.
“Mais do que a lei, mais do que a fiscalização das autoridades é a fiscalização da nossa própria consciência que se impõe”, vincou.