Seguro: "Portugueses estão a perguntar-se, sacrificios para quê?"
O secretário-geral do PS, António José Seguro, afirmou hoje,durante uma visita a uma pedreira de extração de mármore, que a “derrapagem orçamental podia ser evitada” e acusou o Governo de ter imposto “pesados sacrifícios” aos portugueses sem conseguir obter resultados positivos.
“A meta do défice para este ano era de 4,5 por cento [depois revista em alta pelo executivo para os 5%], portanto, já não vai ser” atingida, afirmou António José Seguro, argumentando que o défice deverá ficar “acima dos 6%”.
Para o líder do PS o Governo não cumpriu o que prometeu aos portugueses, no ano passado, quando pediu “pesados sacrifícios”, mas para “conseguir uma meta do défice de 4,5%”.
“Conseguiram? Não conseguiram”, afiançou o secretário-geral do PS, acrescentando que, “em casa, cada português que fez enormes sacrifícios, os 100 mil portugueses que já perderam, desde o início do ano, o seu posto de trabalho” estão a perguntar-se “Sacrifícios para quê”.
Segundo Seguro, atualmente, “o défice não está controlado, a dívida aumentou, já vai em cerca de 120%, o desemprego é o maior da história” do país e “a economia está a cair”.
O défice da administração central e da Segurança Social atingiu os 8.145 milhões de euros em outubro, segundo os critérios relevantes para a ‘troika’.
O boletim de execução orçamental da Direção-Geral do Orçamento (DGO) mostra que o valor do défice público nos primeiros dez meses do ano já está muito próximo do total previsto para 2012: 9.000 milhões de euros.
A receita fiscal caiu 4,6 % nos primeiros dez meses do ano por comparação com o mesmo período de 2011, indica igualmente o boletim.
Estes números que não surpreenderam António José Seguro, que defendeu que a “derrapagem orçamental podia ser evitada”, caso a aposta do executivo do PSD/CDS “fosse na economia e no crescimento em Portugal”.
“Eu avisei, antes de o Governo aprovar o Orçamento do Estado para este ano [OE2012], que a austeridade do ‘custe o que custar’ era um disparate e aí está o resultado. Significa que o país tem menos receita porque tem menos economia”, argumentou.
Dando como exemplo o setor dos mármores alentejanos, cujos industriais se queixam de dificuldades de financiamento e do aumento dos custos energéticos, Seguro defendeu que a economia nacional “precisa de ter acesso ao crédito”.
“Há problemas de tesouraria que precisam de ser revolvidos”, mas, para tal, “é necessário que os bancos cumpram a sua função e também que o Estado possa contratar linhas de crédito com o Banco Europeu de Investimentos”, para apoiar os empresários e a economia, sustentou.
Se a economia não for apoiada, alertou o secretário-geral do PS, lembrando que “há ano e meio” que o diz, as empresas vão produzir menos ou declarar falência e o desemprego vai aumentar, o que “significa menos receita do Estado e mais despesa, por via do apoio com o subsídio de desemprego”.