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Seguro: “O senhor primeiro-ministro matou a economia”

Seguro: “O senhor primeiro-ministro matou a economia”

António José Seguro defendeu hoje que o primeiro-ministro devia “pedir desculpas aos portugueses” pelos resultados da execução orçamental ao longo deste ano e acusou-o de se ter escondido face ao anúncio de novas medidas de austeridade.

O secretário-geral do PS relembrou que, em março de 2011, Passos Coelho, então líder da maior força da oposição, protestou por o Executivo socialista ter enviado para Bruxelas as linhas do PEC IV sem antes as ter comunicado ao Parlamento. “O que pensa hoje o doutor Pedro Passos Coelho confrontado com o facto de o Governo português ter entregue em Bruxelas uma proposta tão importante para a vida dos portugueses com aquilo que pensava o doutor Pedro Passos Coelho em março de 2011, quando criticou o Governo da altura por ter entregue [o PEC IV] em Bruxelas?”, questionou, recebendo uma prolongada salva de palmas.

António José Seguro pediu esclarecimentos sobre uma alegada mudança de opinião do primeiro-ministro, que afirmara publicamente que “sempre que houvesse anúncios pesados para os portugueses” seria o próprio a comunicá-los, “não virando a cara”.

“Pois bem, [na quarta-feira, com as novas medidas de austeridade] não foi o senhor primeiro-ministro. Escondeu-se e hoje, neste debate, não lhe ouvimos uma palavra sobre aumento de impostos. Diga-nos o que mudou na sua postura”, desafiou.

O líder socialista, acusou o primeiro-ministro e o Governo de andarem “coladinhos” à ´troika' e de ser “incapaz de ter uma posição em defesa de Portugal”.

“O que acontece, senhor primeiro-ministro, e esse é que é o problema, é que o senhor primeiro-ministro é incapaz de ter uma posição em defesa de Portugal junto da ´troika'. O senhor primeiro-ministro e o Governo andam coladinhos à ´troika'”, defendeu.

“Pois eu vou-lhe dizer, o senhor pode estar junto da ´troika', que nós no PS estaremos junto dos portugueses a defender Portugal”, acrescentou Seguro.

António José Seguro reiterou que o PS honra “as metas do memorando”, mas sublinhou que já tinha avisado que não ia “pelo mesmo caminho”.

“Considero que a austeridade a qualquer preço, a austeridade custe o que custar, daria maus resultados, e apresentei uma proposta alternativa a esse caminho”, reafirmou o secretário-geral do PS.

O líder socialista criticou duramente os resultados de consolidação orçamental ao longo deste ano, que conduziu agora a “um buraco” de cerca de 2500 mil milhões de euros, que será tapado em parte com as novas medidas de aumento de impostos anunciadas na quarta-feira pelo ministro Vítor Gaspar.

“Há uma coisa que devia assumir com total coragem: Uma parte destes impostos, no valor de 2500 mil milhões de euros, destina-se a pagar os seus erros. Neste debate, em vez de se vangloriar da obra feita, devia estar neste debate a pedir desculpa aos portugueses, porque vão pagar mais impostos por causa dos seus erros e incompetência na execução do Orçamento deste ano”, acusou.

Seguro afirmou que o aumento de impostos anunciado pelo Governo, na ordem dos 35%, representa “um ataque conducente à destruição da classe média”.

Depois, contrariou a tese do Governo de que há sinais positivos ao nível da redução do défice externo e da descida da despesa pública. “Não incomoda o senhor primeiro-ministro os motivos da redução do défice externo? É que o senhor matou a economia. O senhor que gosta tanto de comparações com a Grécia, digo-lhe que a Grécia em junho passado conseguiu na balança de transações correntes um excedente de 600 milhões de euros”, apontou.

Relativamente à descida da despesa primária, o líder socialista referiu que a redução foi no primeiro semestre de 2,8%, inferior ao que se tinha verificado em 2011. “Mas há uma rubrica em que o senhor ganha: na redução de custos com pessoal, porque retirou dois subsídios à função pública e aos pensionistas, embora este primeiro semestre apenas tenha refletido um desses salários. Os dados são claros”, sustentou Seguro, antes de se mostrar apreensivo “com uma quebra do investimento na ordem dos 38,8%”.

“Pode um primeiro-ministro de um país estar contente quando o investimento cai quase 40%?”, perguntou.