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Seguro: "Há linhas vermelhas que não aceito que sejam ultrapassadas"

Seguro: "Há linhas vermelhas que não aceito que sejam ultrapassadas"

O secretário-geral do PS afirmou hoje, em entrevista a TVI, que se recusa a entrar numa discussão sobre cortes na reforma do Estado e considerou que o interesse nacional não está a ser salvaguardado no processo de privatização da TAP.

“Recuso-me a entrar numa discussão de cortes”, declarou o líder socialista a propósito da insistência do Governo no sentido de que se chegue a um consenso para um corte de quatro mil milhões de euros na despesa do Estado.

O secretário-geral do PS disse estar disponível para discutir uma reforma que torne o Estado mais eficiente junto das pessoas e das empresas, alegando que a missão de cortar quatro mil milhões de euros foi assumida em exclusivo pelo atual executivo sem consultar os socialistas.

Neste ponto, Seguro sustentou que é possível Portugal cumprir os objetivos do memorando de assistência financeira “se tiver mais tempo”.

“Precisamos de ter mais tempo para consolidar as nossas contas públicas em função da realidade de Portugal. Precisamos de beneficiar em pé de igualdade com aquilo que a Grécia de melhores condições, para termos mais tempo para pagarmos a nossa dívida e para haver um período de carência de juros” advogou.

Confrontado com a abertura manifestada pelo primeiro-ministro para que Portugal beneficie a curto prazo de melhores condições para cumprir o seu programa de assistência financeira, António José Seguro disse “desconfiar” dessa posição de Pedro Passos Coelho.

“O primeiro-ministro tem-se destacado em Portugal precisamente pelo contrário, dizendo que não quer nem mais tempo, nem uma redução das taxas de juro. Se ele estivesse de acordo com este princípio, através do ministro das Finanças [Vítor Gaspar], teria defendido em Bruxelas condições mais favoráveis e muito semelhantes àquelas que a Grécia vai beneficiar”, disse.

Na questão da privatização da TAP, Seguro reiterou que o processo está a decorrer de forma “pouco transparente”.

“Tenho consciência que a privatização da TAP está prevista no memorando, mas temos de desenvolver esse processo de acordo com o interesse nacional. Na minha opinião, o interesse nacional não está salvaguardado”, disse, antes de reafirmar a oposição à privatização da RTP.

António José Seguro lamentou que PSD e CDS se preparem para chumbar o projeto do PS sobre a “transparência” na propriedade dos órgãos de comunicação social, mas prometeu reapresentá-lo a partir da próxima sessão legislativa.

O lider do PS afirmou hoje que apresentará uma moção de censura e exigirá a realização de eleições antecipadas quando entender que o atual Governo não reúne condições políticas para continuar em funções.

“Quando o PS entender que este Governo não tem condições para continuar, eu não subscrevo uma carta, apresento uma moção de censura e exijo eleições antecipadas”, respondeu António José Seguro.

Seguro referiu que Portugal se encontra sob assistência financeira externa, mas deixou uma advertência: “Quando, na minha avaliação e no meu critério, considerar que é benéfico para o país a realização de eleições para que os portugueses se pronunciem sobre a escolha de outro Governo, não hesitarei em fazê-lo”.

“Há linhas vermelhas que não aceito que sejam ultrapassadas. Quando fizer essa avaliação e quando considerar que não há condições para que o Governo continue, não hesitarei. Mas não faço especulações, porque tenho uma responsabilidade muito grande”, disse.

Neste contexto, António José Seguro acrescentou que o PS “não é o Bloco de Esquerda nem o PCP”.

“Tenho uma responsabilidade diferente. Considero que uma crise política é negativa para o país. Devem ser dadas a todos os governos todas as condições e todas as oportunidades para governar, mas este Governo tem vindo a delapidar o consenso político e o consenso social, dando cabo de tudo isso”, referiu.

Enquanto líder do PS, Seguro disse estar disponível para “esgotar todas as oportunidades que um Governo dispõe para esse efeito”.

“Mas, se verificar que a continuidade do Governo é mais prejudicial ao país do que a realização de eleições, não hesitarei um segundo: Apresentarei uma moção de censura e exigirei que os portugueses tenham a oportunidade de decidir através do voto uma nova política e um novo Governo”, insistiu.

A seguir, Seguro ressalvou que não anda à procura de “nenhum pretexto”, nem tem “pressa” em relação a uma mudança de Governo.

“Quando for primeiro-ministro escolherei o caminho que tenho vindo a defender junto dos portugueses, isto é, rigor e disciplina orçamental com crescimento económico”, respondeu.

Interrogado se acredita que será primeiro-ministro, o secretário-geral do PS deu a seguinte resposta: “Claro que acredito, caso contrário não estava aqui”.

Depois, questionado se admite chegar à liderança de um Governo antes de 2015, o secretário-geral do PS respondeu com um “não sei”, adiantando ser sua convicção que o PS “está preparado” para assumir responsabilidades governativas.