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Seguro: Está em causa a credibilidade do Governo

Seguro: Está em causa a credibilidade do Governo

O secretário-geral do PS acusou hoje o primeiro-ministro de ter colocado em causa a sua credibilidade ao adotar políticas de austeridade para um défice de 4,5 por cento, meta que considerou comprometida, e disse a Passos Coelho que a sua “receita falhou”.

António José Seguro, que falava na abertura do debate quinzenal, começou por atacar Passos Coelho: “O senhor tomou posse há um ano e fez uma opção da sua inteira responsabilidade. Exigiu pesados sacrifícios aos portugueses em nome de um défice de 4,5 por cento no final do ano, que está comprometido. A sua receita falhou”.

O líder do Partido Socialista concluiu que está em causa a credibilidade do Governo.

Neste debate, o PS fez distribuir uma ata da conferência de líderes em que se agendou este debate quinzenal, na qual se escreve: “Tendo em conta o número de sessões plenárias até ao final da sessão legislativa, mesmo com a prorrogação dos trabalhos em mais de um mês para além do prazo constitucional, foi proposto pelo Grupo Parlamentar do PS que o debate quinzenal com o primeiro-ministro fosse realizado em conjunto com o debate para análise do Conselho Europeu”.

“A secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e os restantes grupos parlamentares concordaram com esta solução”, acrescenta-se no documento.

Perante a insistência do primeiro-ministro em não discutir matéria internas de governação, António José Seguro considerou que essa atitude “de incómodo” era “compreensível”.

“Não tem resposta, porque a sua receita falhou. Não é só a sua receita que está errada, é também a vossa credibilidade que ficou em causa com o falhanço desta execução orçamental. Também ficou em causa a vossa autoridade para exigirem mais sacrifícios aos portugueses”, acentuou o líder socialista, antes de insistir na necessidade de haver mais um ano para a consolidação das contas públicas.

“Em vésperas do Conselho Europeu, o Governo apresentou novas propostas, porque teve autorização de Berlim para vir com essas novas propostas para apresentar em Portugal. Há muitas diferenças entre mim e o senhor primeiro-ministro e uma delas é que o primeiro-ministro alinha pelo consenso mais básico”, afirmou também Seguro.

O secretário-geral do PS provocou Pedro Passos Coelho, dizendo que “o que se exige a um primeiro-ministro é que tenha ambição, visão e pensamento estratégico sobre o que deve representar a construção europeia”.

“Eu não tenho nenhum problema em começar sozinho, porque sei que vou terminar acompanhado, como aconteceu com a defesa de uma linha de crédito pelo Banco Europeu de Investimento para apoiar as empresas. Também não tive problema em defender um pacto para o emprego e crescimento e o senhor primeiro-ministro teve de vir aqui reconhecer, agora, que apoia esse pacto”, sustentou.

António José Seguro continuou com as acusações à conduta do primeiro-ministro no plano europeu: “O senhor é resignado, está de braços cruzados e a única coisa que faz é ver o que se passa na Europa e depois apanhar a carruagem. O que se exige neste momento é que o senhor lute para defender os interesses nacionais num momento difícil”.

O líder socialista referiu, também, que o Banco Central Europeu (BCE) empresta a um por cento dinheiro aos bancos comerciais portugueses e que o Estado português se financia a um valor superior.

“A pergunta que todos os portugueses fazem é por que razão o Estado Português não se pode financiar também a um por cento junto do BCE. A conta é simples: segundo os dados do seu Governo, estamos a falar num serviço de dívida de 7,3 mil milhões de euros e, se os juros forem pagos a um por cento, estamos a falar de dois mil milhões de euros. Ou seja, estamos a falar numa poupança de cinco mil milhões de euros”, apontou.

Mesmo que a taxa de empréstimo seja superior, a poupança para os contribuintes portugueses era sempre de pelo menos dois mil milhões de euros, revelou.

“Esses dois mil milhões de euros representam dois subsídios aos funcionários públicos e aos pensionistas portugueses”, advogou.