Seguro e Peer Steinbrück juntos contra receita de austeridade a qualquer preço
António José Seguro, secretário-geral do Partido Socialista, saiu hoje “muito satisfeito”’ do encontro com o candidato do SPD a chanceler, Peer Steinbrück, por ter confirmado a convergência de posições de ambos os partidos quanto aos efeitos negativos da austeridade excessiva.
Esta manhã, em Berlim, o líder do PS reafirmou a necessidade de Portugal beneficiar de taxas de juro mais favoráveis para financiar a economia e de mais tempo para que a consolidação das contas públicas se faça de forma saudável.
“Saio desta reunião muito satisfeito por verificar que há quem, na Alemanha, tenha uma visão diferente daquela que tem a senhora Merkel”, disse António José Seguro no final do encontro, reiterando que “o primeiro-ministro português tem de ter uma voz mais ativa na Europa”
Para o líder do PS não é possível fazer consolidação orçamental sem crescimento económico muito menos com a dose exagerada prevista para o próximo ano. Não há país que aguente nem pessoas que o suportem.
Aos jornalistas, Steinbrück sublinhou que “uma política exclusivamente de austeridade, sem medidas de crescimento, é errada” e que “uma dose excessiva de austeridade pode ser mortal”.
O candidato do SPD tem sido muito crítico quanto ao papel que os bancos têm tido na crise económica e financeira internacional e na atual crise na zona euro, defendendo um controlo eficaz do sistema financeiro internacional pelos poderes políticos.
O secretário-geral do PS convidou ainda Peer Steinbrück a visitar Portugal nos próximos meses, para que possa aprofundar o seu conhecimento sobre a realidade portuguesa e os efeitos da austeridade excessiva no nosso país.
Peer Steinbrück foi ministro das finanças alemão e será o adversário direto da chanceler democrata-cristã, Angela Merkel, nas legislativas de 2013.
Para além do encontro com Peer Steinbrück, António José Seguro reuniu-se com o atual líder do SPD, Sigmar Gabriel, com o vice-presidente Hubertus Heil, com o vice-presidente do grupo parlamentar do SPD, Axel Shafer, e com o líder do grupo parlamentar, Franke-Walter Steinmeir.
Em todos os encontros, o secretário-geral do PS defendeu propostas sobre o papel da Europa que ajudem a combater a atual crise.
“Queremos honrar os nossos compromissos e reduzir a dívida pública, mas Portugal precisa de mais tempo para consolidar as contas públicas e de taxas de juro mais baixas do que as praticadas atualmente, em simultâneo com políticas que incentivem o crescimento económico, sob pena de o país continuar a empobrecer, a aumentar a dívida e a agravar o desemprego para níveis assustadores”, refere.
O reforço do papel do BCE nos mercados financeiros, de modo a diminuir a especulação e os custos de financiamento dos Estados, foi um dos assuntos que o secretário-geral do PS levou a Berlim, bem como a criação de project bonds para financiar investimentos de qualidade em áreas como a economia verde, as energias renováveis ou as tecnologias, ou a mutualização de parte da dívida, com a consequente contrapartida de maior partilha de competências orçamentais, foram outros temas debatidos.
O PS defende também a criação de uma união bancária com um sistema comum de garantia de depósito e um mecanismo de recapitalização, com poderes para intervir sobre os bancos, assim como uma convergência fiscal que ponha fim ao dumping fiscal, introduzindo uma sã concorrência entre empresas e praças financeiras.
O secretário-geral do PS reafirmou ainda que, a nível político, defende a eleição direta do presidente da União Europeia e a criação de um verdadeiro governo económico europeu, que dê prioridade ao crescimento económico e ao emprego.