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Seguro diz que Governo não tem visão sobre o futuro de Portugal

Seguro diz que Governo não tem visão sobre o futuro de Portugal

seguro_americanclub.jpgO Secretário-geral do PS afirmou ontem que, entre si e o primeiro-ministro, há três diferenças de fundo ao nível das concepções económicas, considerando que Passos Coelho não tem qualquer visão política de longo prazo sobre o país.

Para Seguro, que falava num almoço promovido pelo American Club, o Primeiro Ministro acredita que “por automatismo”, depois de uma trajectória de pura consolidação orçamental, baseada em medidas de austeridade, se resolve o problema do crescimento económico, cenário que para o líder socialista “é um erro”, contrapondo, como alternativa, “além da vertente da consolidação orçamental”, a existência de medidas de apoio ao sector exportador, às pequenas e médias empresas e à indústria que produz bens transaccionáveis, insistindo na necessidade de Portugal abrir uma linha de crédito junto do BEI, na ordem dos 5 mil milhões de euros, tendo como garantia os fundos comunitários que o país receberá nos próximos anos. Mas Seguro acentuou outra diferença, lamentando que Passos Coelho olhe para o Orçamento como um fim em si mesmo, quando o Orçamento, em sua opinião, “deve ser encarado como um instrumento, um meio para atingir um fim”.

Como terceira e última distinção, entre a sua perspectiva e a do Primeiro Ministro, António José Seguro considerou que o Orçamento não deve ser a única preocupação, recordando que se exige aos líderes políticos visão e horizontes, de forma a se poder ter uma concepção sustentada do que se quer para Portugal a 15, 20 ou 25 anos. Todos os instrumentos devem estar orientados para servir esse objectivo, disse, “mobilizando assim as capacidades, as energias e os sacrifícios dos portugueses na mesma direcção. Mas infelizmente não tem sido esta a opção do Governo, pelo que o país se confronta com muita insegurança e muito receio, e com as famílias a fazerem contas à vida e a terem que enfrentar o medo do futuro.”

Para se poder ultrapassar este panorama, defendeu ainda o líder do PS, é absolutamente necessário encontrarem-se mecanismos que levem à concertação social “extensível as próximas décadas”, de modo a que seja possível mobilizar os principais actores sociais e não apenas “estar-se a pensar em pequenas mudanças de lei”. Este caminho sublinhou ainda Seguro, assume um carácter absolutamente necessário para se poder encontrar uma estratégia capaz de dar sentido aos muitos sacrifícios que neste momento se estão a pedir aos portugueses.

O Secretário-geral do PS considerou ainda inaceitável que um pensionista com uma reforma de 1000 euros mensais fique sem duas prestações num ano, enquanto um trabalhador do sector privado que usufrua 1500 euros mensais não seja chamado também a dar o seu contributo para o esforço nacional.

Por fim, e sem adiantar mais pormenores, Seguro garantiu que há uma diferença entre as contas que o PS faz e as do Governo na elaboração do OE, uma diferença que ronda os 900 milhões de euros, sendo por isso, como disse, “normal que as nossas opções políticas sejam deferentes”.

O líder socialista afirmou ainda estar convicto que é possível devolver aos funcionários públicos e aos pensionistas um dos subsídios de natal ou de férias.