“É mesmo necessário um grande sobressalto cívico, porque do que estamos a falar é de um retrocesso civilizacional, de uma desumanidade inaudita que coloca em causa e que ofende, particularmente, os mais jovens, as mulheres e os trabalhadores mais vulneráveis”, afirmou o Secretário-Geral do PS, no final de uma reunião com a UGT, na sede da organização sindical, em Lisboa.
“Avançar com essas intenções é quebrar a paz social que tem estado a prevalecer na sociedade portuguesa”, alertou.
Criticando o facto de as alterações agora anunciadas não constarem do programa eleitoral com que o Governo da AD se apresentou aos portugueses, José Luís Carneiro avisou também para a influência do Chega, que tem estado “a procurar funcionar como um autêntico cavalo de Troia, para enfraquecer os sindicatos que historicamente têm representado os trabalhadores portugueses”.
“Quando se fala da questão da amamentação e do luto gestacional, estamos a falar de matérias que o Governo lançou para deixar cair em sede de Concertação Social porque já verificámos disponibilidade numa conferência de imprensa desse partido para contribuir para viabilizar todas as outras opções”, enfatizou.
Para José Luís Carneiro, “é em todas as outras opções”, que não estas duas mais mediáticas, “que está o cerne de um choque frontal com valores civilizacionais fundamentais”.
“É de uma grande indignidade aquilo que está a ser feito aos jovens portugueses. Nós temos afirmado que queremos fixar os jovens no nosso país e esta legislação vai lançar a precariedade e vai lançar os jovens de novo nos braços dos recibos verdes”, apontou.
“Aquilo que está a ser proposto constitui um grave e prejudicial retrocesso civilizacional que é merecedor, do meu ponto de vista, de um sobressalto cívico e da mobilização de todas as cidadãs e de todos os cidadãos deste país se querem, de facto, um país de progresso, que não ande para trás em matérias fundamentais”, reforçou o líder do PS.
Razões que levam José Luís Carneiro a recomendar ao Governo que “congele” as suas intenções, admitindo, também, poder solicitar uma audiência ao Presidente da República para “o sensibilizar” sobre esta questão.
“O Governo deve ponderar muito bem e o primeiro-ministro, se não tem consciência daquilo que está a ser proposto, deve refletir muito bem sobre aquilo que está a ser proposto”, vincou.
Para José Luís Carneiro, “nenhum humanista, nenhum democrata-cristão, nenhum social-democrata, nenhuma mulher ou homem do socialismo democrático pode concordar com estas opções laborais”, que não encontram qualquer justificação.
“Nem a economia, nem os níveis de desemprego, nem a competitividade das empresas portuguesas. Não há nenhum fator racional que justifique estas opções. E encontrei também esta incompreensão aqui na UGT”, concluiu o Secretário-Geral do PS.